Uso de cobaias
Pesquisadores britânicos desenvolveram uma nova forma para testar as qualidades de candidatos a medicamentos em laboratório que poderá substituir a prática atual de utilização de tecido animal.
Inúmeros grupos de pesquisas ao redor do mundo estão trabalhando em formas de evitar o uso de animais em pesquisas científicas.
Recentemente, um comitê de cientistas também da Grã-Bretanha divulgou um relatório com sérias preocupações éticas sobre as pesquisas com animais, sobretudo com a possibilidade de criação de animais híbridos com células humanas.
Hidrogel que imita mucosa
O grupo do Dr. Vitaliy Khutoryanskiy, da Universidade de Reading, criou um tecido sintético, um hidrogel, que imita as propriedades dos tecidos das mucosas, como as encontradas na boca e no estômago.
Mucosas retiradas de animais são normalmente usadas na fase de desenvolvimento de novos medicamentos, para avaliar como a droga vai reagir no corpo.
Normalmente, comprimidos são administrados por via oral aos pacientes para o tratamento de várias doenças.
Essas drogas passam através do sistema digestivo do paciente, que quebra a droga em seus componentes constituintes e despacha o resto do composto para fora do corpo.
Consequentemente, apenas uma pequena porcentagem do medicamento entra efetivamente no sistema circulatório do paciente, limitando a eficácia da droga e forçando o uso de doses mais elevados do componente ativo.
Comprimidos adesivos
Uma alternativa são comprimidos capazes de grudar no tecido da mucosa.
Isso aumenta a absorção das drogas e o tempo que elas permanecem no corpo, reduzindo a frequência de administração, além de oferecer a possibilidade de atingir locais específicos do corpo.
Condições comumente tratadas por drogas mucoadesivas incluem a angina e doenças inflamatórias.
Alternativa ao uso de animais
É por isso que os cientistas precisam das mucosas, valendo-se das mucosas de animais sacrificados. Se isto é sempre ruim para as cobaias, também nem sempre dá os melhores resultados para os humanos.
"A utilização de tecidos animais em experimentos de adesão nem sempre produz os melhores resultados devido às suas propriedades variáveis," explica o Dr. Khutoryanskiy.
Isso significa que a comparação entre diferentes candidatos a medicamentos tem um alto grau de incerteza, devido à variação das mucosas coletadas dos diversos animais.
"Os novos hidrogéis sintéticos imitam os tecidos da mucosa suína que usamos em nossos estudos melhor do que qualquer outro material que testamos, e poderia ser uma alternativa real ao uso do material animal para testar as propriedades mucoadesivas de medicamentos no futuro," conclui ele.
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