30/07/2007

Análise da saliva facilita identificação precoce de doenças

Agência USP

Relação entre saliva e doenças

Pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) analisam substâncias presentes na saliva de pacientes com diagnóstico de doença periodontal e sua relação com outras doenças, como cardiopatias e diabetes. O objetivo é definir padrões de saúde e doença dos pacientes e criar métodos mais simples e rápidos de diagnóstico.

O grupo, coordenado pelo professor Mario Taba Junior, do Departamento de Cirurgia, Traumatologia, Buco-Maxilo-Facial e Periodontia, da FORP, realiza uma análise detalhada da saliva dos pacientes que freqüentam as clínicas da unidade e o setor de Cardiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCRP). "A meta é identificar doenças precocemente por intermédio da saliva, sem necessidade da infra-estrutura de um laboratório, e sua relação com a periodontite, doença que causa sangramento da gengiva e mobilidade dos dentes", afirma o coordenador.

Doença periodontal

Em resultados preliminares, os pesquisadores observaram que os pacientes com doença periodontal têm na saliva uma quantidade alta de interleocinas I e VI, que estão entre substâncias responsáveis por regular o processo inflamatório no organismo. O grupo conseguiu ainda estabelecer diferenças entre uma pessoa com doença puramente bucal de outra com doença periodontal associada a uma cardiopatite, por exemplo.

"O que fazemos hoje é estabelecer diferenças entre doenças, por meio de padrões de expressões desses biomarcadores na saliva, ou seja, quantidade e tipo de substâncias que aparecem na saliva", conta o professor. "No futuro, com um pedaço de papel umedecido na saliva, será possível identificar uma doença de que a pessoa possa ser portadora, como se fosse um teste de gravidez vendido em farmácias".

Gengiva infeccionada por ação de bactérias

A pesquisa Endodoxina bacteriana induz tolerância nos tecidos periodontais de ratos, da pós-graduanda da FORP Valéria Pontelli Navarro Tedeschi, venceu o 5º Prêmio Nacional de Odontologia Preventiva Colgate. O trabalho, orientado pelo professor Luiz Guilherme de Siqueira Branco, foi premiado com um consultório odontológico completo para a autora e um computador portátil para o orientador.

A pesquisa reproduziu em ratos a doença periodontal (gengiva infeccionada por ação de bactérias) para explicar a tolerância de um organismo a endotoxina, toxina com maior poder de ativação do sistema imunológico, presente na cavidade bucal de uma grande parcela da população. "Após a exposição do animal várias vezes consecutivas a essa partícula, o sistema imunológico passa a não reconhecê-la da mesma forma que na primeira exposição".

Infecção sem sintomas

Segundo Valéria, "o paciente, apesar de ter a gengiva infeccionada pela presença da endotoxina nos tecidos gengivais não apresenta sintomas". A pesquisadora aponta que a tolerância pode trazer outros problemas, pois a evolução da doença periodontal, tende a levar a pessoa a uma infecção crônica e aumentar as chances de desenvolvimento de outras doenças, como, por exemplo, a endocardite bacteriana.

O estudo

O estudo, que tem apoio da Fapesp e CNPq, conta com a participação dos professores Auro Nomizo e Sérgio Uyemura, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), Fernando Nobre e Maria Cristina Foss, da FMRP, Também participam do trabalho Glauce Trevisan, pós-doutoranda da FORP, Priscila Costa, Patricia O'Connell e Priscila Nóbrega, mestrandas, e os graduandos Henrique Bueno, Luana Mesquita e Viviane Kawata.

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