04/12/2025

Círculo social influencia nossa percepção corporal

Redação do Diário da Saúde
Círculo de amigos e familiares influencia como percebemos nosso próprio corpo
O tamanho e a composição do nosso círculo de amigos e familiares influenciam a forma como percebemos o nosso próprio corpo.
[Imagem: Amar D’Adamo et al. - 10.1016/j.isci.2025.113091]

Imagem corporal socialmente delineada

O tamanho e a composição das nossas redes de apoio social influenciam diretamente a forma como percebemos o nosso corpo. E essa descoberta, um tanto inusitada, promete ajudar a lidar com doenças como a dismorfofobia, a anorexia e outros distúrbios alimentares.

Amar D’Adamo e colegas da Universidade Carlos III de Madrid (Espanha) fizeram um estudo no qual participaram mais de 100 pessoas utilizando a "ilusão dos passos", uma experiência em que os sons dos passos de uma pessoa são modificados em tempo real para simular que provêm de um corpo mais leve ou mais pesado do que o da própria pessoa.

Essas alterações auditivas mudam a percepção das pessoas sobre o seu próprio peso e provocam variações comportamentais, emocionais e fisiológicas, demonstrando como a imagem corporal é maleável em relação aos estímulos sensoriais.

Os participantes caminhavam enquanto ouviam três tipos de sons de passos: Um sem modificação, outro com passos que soavam como se fossem produzidos por alguém mais leve e outro com passos que soavam como se fossem produzidos por alguém mais pesado. Além disso, os participantes responderam a questionários sobre sua imagem corporal, possíveis sintomas de distúrbios alimentares e a amplitude das suas redes de apoio social.

Círculo de amigos e familiares influencia como percebemos nosso próprio corpo
É uma medida objetiva de um fenômeno peculiar e pouco intuitivo.
[Imagem: Amar D’Adamo et al. - 10.1016/j.isci.2025.113091]

Influência dos relacionamentos sobre a imagem corporal

Os resultados mostraram que as pessoas que tinham redes sociais mais amplas e diversificadas no geral foram menos influenciadas pela ilusão sonora, tendendo a sentir-se mais satisfeitas com a sua imagem corporal e a apresentar menos sintomas de distúrbios alimentares.

Ao contrário, os efeitos modificados dos passos foram mais intensos sobre as pessoas com redes sociais menores, revelando que a percepção do corpo e a sua maleabilidade não dependem apenas de estímulos sensoriais imediatos, mas também são influenciadas pela estrutura social em que a pessoa está integrada.

"As implicações do nosso estudo são que o nosso círculo de amigos condiciona a forma como percebemos o nosso próprio corpo. Se tivermos um círculo de amigos mais alargado, percebemos o nosso corpo de uma forma mais positiva," comentou o pesquisador Anxo Sánchez. "Poderíamos pensar que a autopercepção depende do próprio indivíduo, mas na realidade depende do número de pessoas que o apoiam e que o rodeiam," acrescentou Amar D'Adamo.

É claro que também dá para fazer uma interpretação diferenciada, sem indicação de causalidade: Pessoas capazes de sentir-se bem consigo mesmas, como com seu peso corporal, também são mais aptas a estabelecer laços afetivos mais amplos. Mas os cientistas preferiram acreditar que uma coisa determina a outra.

Segundo eles, seu resultados evidenciam que contar com um apoio social amplo e diversificado reforça a estabilidade da autopercepção corporal e protege a pessoa contra a influência de sinais externos que poderiam distorcê-la. Por outro lado, abrem a porta a novas intervenções sociais que ajudem a promover uma imagem corporal mais positiva e a mitigar os efeitos do estigma associado ao peso, dizem os pesquisadores.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Sound effects on body perception vary with the social support network of individuals
Autores: Amar D’Adamo, Angel Sánchez, Lize De Coster, Ana Tajadura-Jiménez
Publicação: iScience
Vol.: 28, Issue 8113091
DOI: 10.1016/j.isci.2025.113091
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