
Monitoramento dos sonhos
Uma colaboração internacional, reunindo pesquisadores de todo o mundo, criou a maior base de dados a reunir registros da atividade cerebral durante o sono, com essa atividade estando associada a relatos de sonhos.
E uma das primeiras análises com base nessa qualidade e nesse volume inédito de dados revelou que, ao contrário do que os cientistas acreditaram durante décadas, os sonhos não ocorrem apenas durante o sono REM (movimento rápido dos olhos), mas também em fases não REM (NREM), mais profundas e mais calmas.
O curioso é que, nestes casos de sonhos durante o sono mais profundo, a atividade cerebral registrada lembra mais a vigília (quando a pessoa está acordada) do que o sono profundo - é como se o cérebro estivesse "parcialmente acordado" durante a fase mais profunda do sono, religando-se apenas para sonhar, mas sem interação com o mundo exterior.
O mistério dos sonhos
O interesse pelos sonhos remonta a milhares de anos, desde o antigo Egito, atravessando todas as culturas e tradições. E, além de os sonhos despertarem uma enorme curiosidade popular, seu estudo tem um elevado interesse científico, na medida em que alimenta diversas áreas de pesquisa, incluindo temas clínicos (como as parassônias, de que o sonambulismo é um exemplo), neurocognitivos (como aprendizagem e memória) e fundamentais (como os correlatos neuronais da consciência).
Inúmeros estudos têm sido realizados sobre o que ocorre no cérebro humano durante o sonho, contribuindo para avanços significativos na exploração científica da consciência humana. No entanto, até hoje nunca havia sido feita uma integração de dados objetivos e subjetivos que permitisse analisar os dados coletados dos pacientes de forma abrangente.
Foi para isso que o consórcio internacional obteve apoio da Fundação Bial (Portugal) para criar a DREAM, a maior base de dados a reunir registros da atividade cerebral durante o sono e os relatos de sonhos associados. Esta coleção única permitirá estudar os sonhos em uma escala e um rigor nunca alcançados, resolvendo um dos maiores desafios da investigação nesta área, a escassez de amostras de dados extensas, comparáveis e acessíveis.
Reunindo registros multicêntricos de eletroencefalografia (EEG), magnetoencefalografia (MEG) e relatos de sonhos, a DREAM integra mais de 2600 despertares, de 505 participantes, provenientes de 20 estudos diferentes e está disponível para consulta livre e recebendo novas informações de pesquisas de todo o mundo.

Adivinhando seus sonhos
As primeiras análises, publicadas agora, revelaram resultados surpreendentes ao confirmarem que os sonhos não são exclusivos do sono REM (a fase em que o cérebro está mais ativo e os olhos se movem rapidamente), mas também ocorrem durante o sono NREM, nas fases mais profundas e calmas.
Curiosamente, quando há sonhos em NREM, a atividade cerebral é mais parecida com a da vigília do que com o sono profundo.
Além disso, algoritmos de inteligência artificial usados para analisar os padrões da atividade cerebral antes de cada despertar revelam que é possível prever se a pessoa está a sonhando ou não em cada momento. Esta abordagem poderá, no futuro, permitir identificar com maior precisão não só quando estamos sonhando, mas até mesmo que tipo de experiência estamos vivenciando durante o sono.
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