Uso contínuo de melatonina para insônia é associado a riscos cardíacos graves

Ainda não existem padrões para uso da melatonina com fins terapêuticos, mas sabe-se que a melatonina pode piorar quadros de inflamação intestinal.
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Riscos da melatonina

Um estudo de grande porte, envolvendo mais de 130.000 adultos, revelou que o uso prolongado de melatonina - um suplemento popular para melhorar o sono - está associado a um risco significativamente maior de insuficiência cardíaca, hospitalização por essa condição e morte por qualquer causa em adultos com insônia crônica.

A melatonina sintética é amplamente vista como uma ajuda "natural" e inofensiva para o sono, sendo facilmente comprada sem receita em muitos países, incluindo o Brasil. No entanto, não existem dados robustos sobre seus efeitos cardiovasculares a longo prazo. A insuficiência cardíaca é uma condição grave onde o coração é incapaz de bombear sangue oxigenado suficiente, afetando milhões de pessoas.

Em busca de mais informações, Suzette Graham-Hill e seus colegas analisaram dados de saúde de 130.828 adultos (idade média de 55,7 anos; 61,4% mulheres) diagnosticados com insônia crônica ao longo de cinco anos. Eles compararam indivíduos que usaram melatonina por um ano ou mais com aqueles que nunca usaram o suplemento.

Os dados incluem tanto pacientes de países que exigem receita para a melatonina, como no Reino Unido, quanto de países onde não há essa exigência, como os EUA.

Os resultados da análise são preocupantes:

• Risco de insuficiência cardíaca: Usuários de longo prazo de melatonina (um ano ou mais) tiveram cerca de 90% mais chances de desenvolver insuficiência cardíaca em 5 anos.
• Hospitalização: O grupo da melatonina (um ano ou mais de uso) foi quase 3,5 vezes mais propenso a ser hospitalizado devido à insuficiência cardíaca.
• Mortalidade: O risco de morte por qualquer causa foi quase o dobro entre os usuários crônicos de melatonina, embora o estudo não permita concluir se a causa é a melatonina ou os problemas que levam as pessoas a tomá-la.

Mais estudos

Os pesquisadores alertam que, embora o estudo não prove que a melatonina cause diretamente esses problemas cardiovasculares, a forte associação levanta sérias dúvidas de segurança.

No geral, os dados sugerem que a melatonina pode não ser tão inofensiva quanto se supõe. Caso estes resultados sejam confirmados por estudos futuros, eles terão um impacto imediato na forma como médicos e farmacêuticos aconselham os pacientes sobre suplementares para melhores o sono.

Antes que esses estudos de causalidade sejam feitos, os pesquisadores recomendam cautela com o uso prolongado da melatonina.