26/10/2016

Associação de genes com câncer pode estar errada, alerta pesquisador

Redação do Diário da Saúde
Cientistas têm associado incorretamente mutações genéticas com câncer, alerta pesquisador
O Dr. Hui Li afirma que "a velha prática de encontrar qualquer fusão de RNA e alegar que é uma fusão de câncer acabou."
[Imagem: UVA Health System]

Teorias contestadas

O genoma humano é muito mais complexo do que se pensava, com os genes funcionando de "forma inesperada" em relação às teorias científicas.

O resultado mais contundente é que as pesquisas mais recentes estão mostrando que os cientistas vêm assumindo incorretamente que muitos genes podem indicar câncer, quando na verdade o comportamento desses genes apenas não havia sido compreendido adequadamente.

O professor Hui Li, da Universidade da Virgínia (EUA), é um pioneiro em uma abordagem que está contestando as suposições fundamentais sobre a genética humana.

RNA quimérico

Li e sua equipe estão tentando entender o chamado RNA quimérico, o material genético gerado quando os genes em dois cromossomos diferentes produzem uma "fusão" de RNA - algo que os cientistas dizem que não deveria acontecer.

Como acham que isso não deveria ocorrer, os cientistas têm assumido tradicionalmente que estes RNAs quiméricos são sinais de câncer, de algo que deu errado no processo de transcrição genética.

Mas o trabalho de Li mostra que nem sempre este é o caso. Em vez disso, estas fusões também podem ser uma parte normal e funcional da nossa programação genética.

"Esta é realmente uma faca de dois gumes para o diagnóstico e o tratamento do câncer. Ele basicamente diz que a velha prática de encontrar qualquer fusão de RNA e alegar que é uma fusão de câncer acabou. Nós não podemos apenas dizer: OK, encontramos uma fusão, ela deve ser um sinalizador de câncer, vamos traduzi-la em um biomarcador [para detectar o câncer]. Isto é realmente perigoso porque um monte de fisiologia normal também tem RNAs de fusão. Há uma outra camada de complexidade," explica o pesquisador.

Cientistas têm associado incorretamente mutações genéticas com câncer, alerta pesquisador
Depois de concluírem que o DNA não tem todas as respostas, alguns pesquisadores começam a pedir cautela nos exames genéticos de câncer.
[Imagem: Cortesia MPI for Informatics]

Nem tudo é câncer

Segundo Li, as conclusões de estudos nessa área da genética do câncer geralmente têm sido imprecisos, incompletos ou simplesmente errados.

"Este é o principal conceito que queremos que o campo da biologia do câncer saiba: Esse tipo de coisa existe na fisiologia normal; não é específico do câncer. Há um perigo em assumir que tudo é o câncer. Isto é realmente perigoso. Não tenha pressa em julgar sobre todas essas quimeras que você encontra em células cancerosas, porque elas poderiam ocorrer em células normais," conclui ele.

Como essas quimeras naturais foram descobertos há pouco tempo, pouco se sabe sobre elas.

Para construir uma base sobre a qual outros cientistas possam começar a trabalhar, Li está criando um banco de dados de fusões de RNA que ocorrem naturalmente, para ajudar a distinguir as quimeras normais daquelas que podem ser efetivamente sinais de câncer.

Suas análises mais recentes acabam de ser sintetizadas em um artigo publicado na revista Trends in Cancer.

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