Autismo e visão
Pesquisadores descobriram que pessoas com autismo apresentam padrões cerebrais de percepção das diversas partes do corpo humano semelhantes aos apresentados por adultos típicos, mostrando que este não é um elemento explicativo das diferenças comportamentais.
O transtorno do espectro autista (TEA) está associado a dificuldades na compreensão das emoções e intenções a partir de sinais corporais. No entanto, ainda não está claro se essas dificuldades decorrem de diferenças na percepção visual ou na interpretação dos sinais.
Para explorar isso, Yuto Kuriharaa e colegas da Universidade Waseda (Japão) utilizaram imagens de ressonância magnética funcional para comparar a representação de partes do corpo no córtex occipitotemporal lateral de adultos com e sem TEA.
Ao contrário do que propõem as teorias mais aceitas, os dados mostraram estruturas representacionais muito semelhantes em ambos os grupos. Não houve diferenças significativas no tamanho ou na intensidade da ativação cerebral entre os grupos TEA e típico, indicando uma resposta visual básica semelhante.
Isso indica que as dificuldades sociais dos autistas podem surgir de processos cognitivos de ordem superior, e não da percepção visual.
Interpretação dos sinais, não na visão
Os resultados divergem de outros estudos feitos com crianças - este estudo foi feito apenas com adultos. A suspeita é que qualquer diferença existente na idade infantil se dilua com o crescimento, embora ainda não se possa dizer se por fatores biológicos, educacionais ou comportamentais.
"Esses resultados sugerem que adultos com autismo percebem informações corporais visuais de forma muito semelhante a adultos neurotípicos," disse Kurihara. "Isso desafia antigas premissas de que diferenças na percepção corporal contribuem para dificuldades sociais no TEA."
No geral, o estudo mostra que, embora pessoas com autismo possam ter dificuldade em interpretar emoções ou intenções em gestos ou expressões, a dificuldade pode estar na interpretação desses sinais - e não em vê-los de forma diferente. Essa percepção pode ajudar a moldar intervenções mais eficazes, como o ensino da compreensão social ou da imitação, especialmente para adultos.
"Nossos cérebros continuam aprendendo," disse Kurihara. "Este estudo nos dá esperança e um motivo para continuar aprimorando a forma como apoiamos pessoas com autismo em todas as fases da vida."
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