18/08/2025

Efeito da aptidão física na mortalidade está superestimado, dizem cientistas

Redação do Diário da Saúde
Efeito da aptidão física na mortalidade está superestimado, dizem cientistas
Parece fazer bem, mas os dados não conseguem captar isso.
[Imagem: Gerado por IA/Gemini]

Morte por doença versus morte aleatória

Inúmeros estudos científicos já concluíram que pessoas em boa forma física apresentam um menor risco de morte prematura por diversas doenças.

Mas uma nova pesquisa revelou agora que as pessoas com altos níveis de condicionamento físico no final da adolescência também apresentam um menor risco de morrer em acidentes aleatórios. E, mais importante, as quedas nos dois riscos são praticamente iguais.

Isso sugere que as associações observadas nos estudos anteriores provavelmente foram enganosas, uma vez que não é que as pessoas não estavam morrendo "por qualquer causa", como os estudos geralmente apontam, mas porque elas simplesmente morrem menos de acidentes.

"Nós descobrimos que pessoas com altos níveis de condicionamento físico no final da adolescência tinham um risco menor de morrer prematuramente, por exemplo, de doenças cardiovasculares, em comparação com aquelas com baixos níveis de condicionamento físico. Mas quando analisamos o risco de morrer em acidentes aleatórios, encontramos uma associação quase igualmente forte. Isso sugere que pessoas com altos e baixos níveis de condicionamento físico podem diferir em outros aspectos importantes, algo que estudos anteriores não levaram totalmente em consideração," disse o professor Marcel Ballin, da Universidade de Uppsala (Suécia).

E não foi um estudo pequeno: os dados englobaram 1,1 milhão de homens suecos recrutados para o serviço militar entre 1972 e 1995. Os homens, que tinham em média 18 anos na época do recrutamento, foram divididos em cinco grupos com base em seu nível de aptidão física na época e então acompanhados até os 60 anos ou até a morte.

Os dados são inconclusivos

Os resultados mostraram que o grupo com o maior nível de condicionamento físico teve um risco 58% menor de morrer de doenças cardiovasculares, um risco 31% menor de morrer de câncer e um risco 53% menor de morrer de todas as causas, em comparação com o grupo com o menor nível de condicionamento físico.

Em seguida, os pesquisadores examinaram como a aptidão física estava associada ao risco de morte em acidentes aleatórios, como acidentes de carro, afogamentos e homicídios. Eles escolheram acidentes aleatórios porque presumiram que não deveria haver associação entre a aptidão física no final da adolescência e o risco de morte em acidentes aleatórios. Esse método é chamado de análise de resultados de controle negativo e envolve testar a validade dos resultados para um desfecho primário, comparando-os com um desfecho em que nenhuma associação deveria ser encontrada.

Contudo, os resultados mostraram que os homens com os maiores níveis de condicionamento físico tinham um risco 53% menor de morrer em acidentes aleatórios, quase os 58% dos riscos de morrer por causas cardiovasculares.

"Ficamos surpresos ao ver que a associação com mortalidade acidental refletiu as demais associações, mesmo depois de controlarmos todos os fatores compartilhados por irmãos. Isso ressalta a força das suposições feitas em estudos observacionais, visto que parece ser muito difícil criar grupos comparáveis. As consequências podem ser a superestimação da magnitude dos efeitos encontrados," concluiu Ballin.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Cardiorespiratory fitness in adolescence and premature mortality: widespread bias identified using negative control outcomes and sibling comparisons
Autores: Marcel Ballin, Anna Nordström, Peter Nordström, Viktor Hugo Ahlqvist
Publicação: European Journal of Preventive Cardiology
Vol.: zwaf267
DOI: 10.1093/eurjpc/zwaf267
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