03/04/2018

Estamos viciados em celulares ou em interações sociais?

Redação do Diário da Saúde

Hiper-social

O vício em tecnologia, particularmente no uso do celular, pode não ser um hábito antissocial como os psicólogos vinham considerando - uma vez que a pessoa se isola do mundo real -, mas sim hiper-social, ou seja, ser decorrente da necessidade humana de se socializar levada ao extremo.

Esta é a conclusão de uma equipe que revisou os estudos científicos feitos até agora sobre o uso disfuncional da tecnologia. Segundo os cientistas, as funções mais viciantes dos celulares inteligentes compartilham um tema comum: eles se baseiam no desejo humano de se conectar com outras pessoas.

"Tem havido muito pânico em torno deste tópico. Nós estamos tentando oferecer algumas boas notícias e mostrar que é nosso desejo de interação humana que é viciante - e há soluções bastante simples para lidar com isso," afirmam Samuel Veissière e Moriah Stendel, da Universidade McGill (Canadá).

Teatro maníaco

De acordo com a dupla, os seres humanos são uma espécie exclusivamente social, que requerem interações constantes com os outros em busca de um guia para um comportamento culturalmente apropriado. Esta seria também uma maneira de encontrar significado, objetivos e um senso de identidade.

"Em ambientes pós-industriais, onde os alimentos são abundantes e prontamente disponíveis, nossos vícios por gordura e açúcar, esculpidos por pressões evolutivas distantes, podem facilmente entrar em um ritmo insaciável e levar à obesidade, diabetes e doenças cardíacas (...). As necessidades pró-sociais e de recompensas [do uso de smartphones como meio de conexão] podem ser igualmente sequestradas para produzir um teatro maníaco de monitoramento hiper-social," escreveram os cientistas em seu artigo, publicado na revista Frontiers in Psychology.

"Não fique viciado"

A boa notícia prometida seria que, se a hipótese dos cientistas estiver correta, pode ser mais fácil do que se imaginava livrar-se do vício em celulares e redes sociais.

Eles recomendam desligar as notificações emitidas quando chegam novas mensagens e estabelecer horários definidos para checar o seu telefone. Políticas no local de trabalho "que proíbem os e-mails à noite e no fim de semana" também podem ajudar.

"Em vez de começar a regulamentar as empresas de tecnologia ou o uso desses dispositivos, precisamos começar a conversar sobre a maneira apropriada de usar os smartphones," disse o professor Veissière. "Os pais e os professores precisam ser informados sobre o quanto isso é importante."

Ou, talvez, os dois cientistas precisem ser avisados do quanto é difícil lidar com vícios em situações reais, fora das teorias.

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