10/07/2025

IA supera cardiologistas na previsão de infartos súbitos

Redação do Diário da Saúde
IA supera cardiologistas na previsão de infartos súbitos
Esquema do sistema de IA capaz de prever a ocorrência de infartos súbitos.
[Imagem: hangxin Lai et al. - 10.1038/s44161-025-00679-1]

IA prevê infartos súbitos

Talvez você ainda não esteja considerando substituir seu médico - sobretudo seu cardiologista - por um programa de inteligência artificial, mas o professor Changxin Lai e sua equipe da renomada Universidade Johns Hopkins (EUA) decidiu saber se essa seria uma boa ideia ou não.

Surpreendentemente, o modelo de inteligência artificial (IA) desenvolvido pela equipe apresentou uma precisão notável na previsão de quais pacientes correm maior risco de parada cardíaca súbita, algo que hoje é virtualmente impossível prever.

Este novo sistema combina imagens cardíacas com uma ampla gama de dados médicos para se concentrar na descoberta de indicadores ocultos de doenças cardíacas.

"Atualmente, temos pacientes morrendo no auge da vida por não estarem protegidos e outros que estão suportando desfibriladores pelo resto da vida sem nenhum benefício," disse a profesora Natalia Trayanova. "[Agora] temos a capacidade de prever com altíssima precisão se um paciente corre risco muito alto de morte cardíaca súbita ou não."

Se os médicos passarem a dispor de uma ferramenta como essa, essa inovação poderá salvar vidas principalmente de pacientes de alto risco. O programa também reduziria procedimentos desnecessários, como implantes de desfibriladores, em pacientes de baixo risco.

Prevê e explica o porquê

O foco principal da pesquisa foi a cardiomiopatia hipertrófica (CMH), uma doença cardíaca hereditária comum, que afeta entre 1 em 200 e 1 em 500 pessoas em todo o mundo.

A cardiomiopatia hipertrófica é uma das principais causas de morte súbita cardíaca. Ela ocorre especialmente em adultos jovens e atletas. Embora muitos deles tenham uma vida normal, um subconjunto enfrenta um risco drasticamente aumentado. O problema é que identificar essas pessoas é um desafio para os médicos há muito tempo - segundo a professora Trayanova, as diretrizes clínicas existentes nos EUA e na Europa para avaliar o risco em pacientes com CMH "não são muito melhores do que jogar dados", com apenas cerca de 50% de precisão na identificação daqueles em risco real.

O novo modelo com inteligência artificial saiu-se muito melhor. Em ensaios clínicos envolvendo pacientes reais do Hospital Johns Hopkins e do Instituto Sanger Heart & Vascular, a IA alcançou 89% de precisão geral, quase o dobro da taxa de sucesso das diretrizes atuais. Entre pacientes de 40 a 60 anos, o modelo atingiu 93% de precisão, tornando-o particularmente eficaz na identificação dos mais vulneráveis.

Ainda mais significativo, o sistema de IA não apenas prevê os riscos, ele também explica o raciocínio por trás de cada previsão, permitindo que os médicos criem planos de tratamento altamente individualizados.

"Nosso estudo demonstra que o modelo de IA melhora significativamente nossa capacidade de prever aqueles com maior risco em comparação com nossos algoritmos atuais e, portanto, tem o poder de transformar o atendimento clínico," disse Jonathan Crispin, membro da equipe.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Multimodal AI to forecast arrhythmic death in hypertrophic cardiomyopathy
Autores: Changxin Lai, Minglang Yin, Eugene G. Kholmovski, Dan M. Popescu, Dai-Yin Lu, Erica Scherer, Edem Binka, Stefan L. Zimmerman, Jonathan Chrispin, Allison G. Hays, Dermot M. Phelan, M. Roselle Abraham, Natalia A. Trayanova.
Publicação: Nature Cardiovascular Research
DOI: 10.1038/s44161-025-00679-1
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