19/04/2024

Interface cérebro-computador universal obedece comandos de qualquer pessoa

Redação do Diário da Saúde
Interface cérebro-computador universal obedece comandos cerebrais de qualquer pessoa
O pesquisador Hussein Alawieh, membro da equipe, usa o boné cheio de eletrodos que é conectado a um computador. Os eletrodos coletam sinais elétricos do cérebro, e o decodificador interpreta essa informação e a traduz em ações do jogo.
[Imagem: University of Texas at Austin]

Dispensando o treinamento

Imagine jogar um jogo de corrida usando apenas o cérebro para executar a complexa série de curvas de um circuito - seu cérebro deve ter muito mais destreza do que seus braços, além de eliminar as deficiências do volante, joystick ou teclado.

Isto não é mais uma fantasia, mas um programa real que engenheiros da Universidade do Texas em Austin (EUA) criaram como parte de uma pesquisa sobre interfaces cérebro-computador, cujo objetivo final é ajudar a melhorar a vida de pessoas com deficiência motora.

A pessoa só precisa usar uma espécie de capacete flexível, cheio de eletrodos, que é conectado a um computador - não há nada invasivo plugado no seu cérebro. Os eletrodos coletam dados medindo os sinais elétricos do cérebro, e o decodificador interpreta essa informação e a traduz nas ações para controlar o jogo.

Existem inúmeros esforços desse tipo, mas Satyam Kumar e seus colegas estão liderando a corrida porque incorporaram recursos de aprendizado de máquina em sua interface cérebro-computador, tornando-a uma solução única para todos. Isso é importante porque dispositivos desse tipo exigem calibração extensiva para cada usuário, já que cada cérebro é diferente, tanto para usuários saudáveis quanto para deficientes, o que tem sido um grande obstáculo para que esses aparelhos cheguem ao mercado.

"Quando pensamos nisso em um ambiente clínico, esta tecnologia fará com que não precisemos de uma equipe especializada para fazer esse processo de calibração, que é longo e tedioso," disse Kumar. "Será muito mais rápido passar de paciente para paciente."

Do Mário Kart para uma cadeira de rodas

Os pesquisadores consideram que seu trabalho está no nível fundamental, na medida em que prepara o terreno para novas inovações nas interfaces cérebro-computador. Até o momento, o sistema só foi testado em 18 pessoas saudáveis e agora começarão os testes em pessoas com deficiências motoras, visando seu uso por grupos maiores em ambientes clínicos.

Para levar os resultados para fora do laboratório, a equipe está trabalhando em uma cadeira de rodas, que os usuários poderão dirigir usando a interface cérebro-computador - dirigir uma cadeira de rodas é tecnicamente muito menos demandante do que guiar o kart do Mário na tela.

"Por um lado, queremos traduzir a interface cérebro-computador para o âmbito clínico para ajudar pessoas com deficiência; por outro, precisamos melhorar a nossa tecnologia para torná-la mais fácil de usar, para que o impacto para essas pessoas com deficiência seja mais forte," disse o professor José Millán, coordenador da equipe.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Transfer learning promotes acquisition of individual BCI skills
Autores: Satyam Kumar, Hussein Alawieh, Frigyes Samuel Racz, Rawan Fakhreddine, José del R Millán
Publicação: PNAS Nexus
DOI: 10.1093/pnasnexus/pgae076
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