05/07/2010

O medo deve ser conquistado, e não banido

Com informações da New Scientist
O medo deve ser conquistado, e não banido
O experimento sugere uma área do cérebro que pode ser um alvo de esforços para livrar as pessoas de suas fobias.
[Imagem: Wikimedia]

Conquista do medo

Por que alguém iria colocar pessoas que têm medo de cobras dentro de um escâner cerebral, juntamente com um belo exemplar da causa do seu medo?

Para descobrir o que está acontecendo no cérebro quando as pessoas sentem medo ou demonstram coragem. Esta foi a estratégia usada por Uri Nili e Yadin Dudai, no Instituto Weizmann, de Israel.

O experimento mostrou que a coragem não surge quando tentamos banir totalmente o medo, mas quando tentamos superá-lo o suficiente para agir.

Medo de cobras

O experimento sugere uma área do cérebro que pode ser um alvo de esforços para livrar as pessoas de suas fobias.

Os pesquisadores examinaram a atividade cerebral de 39 pessoas com um medo anormalmente forte de cobras. O exame foi feito em um equipamento de ressonância magnética funcional (fMRI), que cria imagens do fluxo sanguíneo no cérebro em tempo real.

Enquanto eram examinados, os pacientes podiam acionar uma esteira para levar uma cobra do milho de 1,5 metro de comprimento - que não é venenosa - para mais longe ou mais para perto de suas cabeças, até uma distância de meros 20 centímetros.

Um participante teve um pânico tão forte que teve que ser retirado do estudo. Todos os que continuaram disseram que estavam com medo quando tinham de escolher como mover a serpente, a afirmavam que o medo aumentava com a aproximação do animal.

Resposta fisiológica ao medo

Seus corpos, no entanto, contavam uma história diferente.

Medindo mudanças minúsculas no suor - uma medida da excitação gerada pelo medo que não é controlada conscientemente - os cientistas verificaram que os participantes suavam menos quando tinham a coragem suficiente para movimentar a cobra mais para perto.

Os exames de ressonância magnética mostraram que várias áreas do cérebro tornaram-se ativas quando os voluntários tinham de decidir como mover a serpente.

Uma área anteriormente ligada à emoção, o córtex cingulado anterior subgenual (sgACC), ficou particularmente ativa quando os participantes trouxeram as cobras mais para perto, mas não quando eles enfrentaram seu medo.

Enfrentar o medo

"Se você conseguir manter a atividade nesta área em um nível elevado, você será capaz de superar o seu medo", diz Nili.

"Um bombeiro que entra em um edifício em chamas deve mostrar coragem, mas esse bombeiro não está livre do medo," diz Dudai. Ele especula que o sgACC ajuda a estimular uma resposta fisiológica natural ao medo.

Daniela Schiller, uma neurocientista da Universidade de Nova York, que estuda o medo e a memória, concorda que lidar com este componente do medo é a chave para conquistá-lo. "É preciso desligar esse sistema, a fim de agir," diz ela.

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