Nova droga antichagásica
Em busca de um novo fármaco para o tratamento da doença de Chagas, pesquisadores do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas, têm-se dedicado a estudar uma enzima conhecida como glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PDH) - essencial para a sobrevivência do parasita Trypanosoma cruzi no organismo humano.
O pesquisador Gustavo Fernando Mercaldi identificou ao menos 10 compostos químicos capazes de inibir a ação da enzima e matar o parasita com eficiência comparável à da principal droga hoje usada na clínica: o benzonidazol.
Mercaldi tenta agora entender como esses inibidores se ligam à enzima-alvo e desvendar a estrutura tridimensional do complexo formado por essa ligação.
Os primeiros resultados da investigação, conduzida em Dundee sob a supervisão do professor Willian Hunter, já renderam ao brasileiro a indicação para o prêmio David Blow Memorial, concedido anualmente pela Associação Britânica de Cristalografia (BCA, na sigla em inglês).
"Esses compostos capazes de inibir a ação da G6PDH podem servir de inspiração para o desenvolvimento de uma nova droga antichagásica, mas antes é preciso entender de que forma se ligam à enzima. Se conseguirmos desvendar a estrutura tridimensional, poderemos desenhar moléculas com ação potencializada", explicou Mercaldi.
No T. cruzi, a G6PDH está envolvida no metabolismo de glicose. Dados da literatura científica indicam que, quando a enzima é inibida, o parasita torna-se mais suscetível a morrer em decorrência do estresse oxidativo - condição em que ocorre um aumento nos níveis de espécies reativas de oxigênio que danificam moléculas importantes para o funcionamento das células.
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