Pobreza energética
Está muito bem demonstrado que as pessoas muito pobres ficam sem recursos mentais para sair da pobreza. Mas Rubayyat Hashmi e colegas da Universidade de Adelaide (Austrália) estão mais preocupados com um outro conceito, um indicador que eles chamam de "pobreza energética", e seus efeitos sobre a saúde mental das pessoas.
Uma pessoa é definida como vivendo em pobreza energética se 10% ou mais da sua renda familiar for destinada a pagar as contas de energia (eletricidade, gás, lenha etc), ou se seus custos de energia excederem a mediana da população e empurrarem sua renda residual abaixo da linha da pobreza.
Os pesquisadores então compararam os impactos da pobreza energética monetária, medida por meio de gastos com energia, com a percepção da pessoa acerca de sua pobreza energética, que é uma medida da percepção das dificuldades ou bem-estar relacionados à energia.
"Nós descobrimos que a pobreza energética monetária por si só não impacta significativamente os resultados de saúde mental. Em contraste, a pobreza energética autorrelatada tem efeitos adversos graves na saúde mental," afirma o Dr. Hashmi. "A situação é ainda pior para aqueles que vivenciam ambos os tipos de pobreza energética [real e percebida]. Esta descoberta destaca os impactos da pobreza energética na saúde mental que vão além das dificuldades financeiras."
A pobreza energética medida foi mais pronunciada entre os homens e as pessoas com mais de 65 anos e, como esperado, mais prevalente entre pessoas sem emprego formal ou desempregados.
"Por outro lado, a pobreza energética autorrelatada é notavelmente mais prevalente entre mulheres, faixas etárias mais jovens, especialmente entre 25 e 54 anos, e inquilinos - especialmente aqueles em casas e bairros com os quais não estão satisfeitos. E famílias com filhos, incluindo casais e pais solteiros, correm maior risco de todos os tipos de pobreza energética," contou Hashmi.
Planejar bem as intervenções
A pesquisa também examinou quanto tempo duram os efeitos da pobreza energética na saúde mental.
"A pobreza energética tem um efeito importante na saúde mental, mas a forma como a medimos faz uma grande diferença na nossa compreensão da sua escala e de quem é afetado," explicou Hashmi.
"Reconhecer essas nuances é crucial. Sem métricas que levem em conta as condições de moradia, as intervenções governamentais e não governamentais podem não ser eficazes, deixando populações vulneráveis sem o apoio de que precisam. As respostas políticas devem ir além da elegibilidade baseada na renda e incorporar experiências vividas, qualidade da moradia e indicadores de estresse energético para atingir e apoiar de forma mais eficaz aqueles que estão em maior risco," concluiu o pesquisador.
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