05/08/2025

Por que precisamos dormir? Resposta pode estar nas mitocôndrias

Redação do Diário da Saúde
Por que precisamos dormir?
Por que precisamos dormir é uma das maiores questões não respondidas da ciência.
[Imagem: Raffaele Sarnataro et al. - 10.1038/s41586-025-09261-y]

Por que dormimos?

Por que precisamos dormir? Esta é uma das maiores questões não respondidas da ciência.

Hoje já sabemos que o sono é uma questão do corpo todo, e não só do cérebro - na verdade, nem é preciso ter um cérebro para precisar dormir.

Agora, Raffaele Sarnataro e colegas da Universidade de Oxford (Reino Unido) acreditam ter encontrado uma pista muito significativa para resolver o enigma do sono: Eles descobriram que a sonolência vem devido a um acúmulo de "estresse elétrico" nos pequenos geradores de energia dentro das células cerebrais, as mitocôndrias, estruturas microscópicas dentro das células que usam oxigênio para converter alimentos em energia.

Em outras palavras, o sono é desencadeado pela resposta do cérebro a uma forma sutil de desequilíbrio energético nas mitocôndrias.

Quando as mitocôndrias de determinadas células cerebrais reguladoras do sono (estudadas em moscas-das-frutas) ficam sobrecarregadas, elas começam a liberar elétrons, produzindo subprodutos potencialmente prejudiciais conhecidos como espécies reativas de oxigênio. Esse "vazamento" de elétrons parece funcionar como um sinal de alerta, que leva o cérebro a dormir, restaurando o equilíbrio antes que os danos se espalhem mais amplamente.

"Você não quer que suas mitocôndrias percam muitos elétrons," comentou Sarnataro. "Quando isso acontece, elas geram moléculas reativas que danificam as células."

Vazamento de elétrons

Os pesquisadores descobriram que neurônios especializados funcionam como disjuntores, medindo esse vazamento de elétrons mitocondriais e desencadeando o sono quando um limite é ultrapassado. Ao manipular o processamento de energia nessas células - aumentando ou diminuindo o fluxo de elétrons - os cientistas conseguiram controlar diretamente o tempo de sono das moscas.

Até mesmo a substituição dos elétrons por energia da luz (usando proteínas emprestadas de microrganismos) teve o mesmo efeito: Quanto mais energia, mais vazamento e, por decorrência, mais sono.

Esta descoberta ajuda a explicar as conhecidas conexões entre metabolismo, sono e expectativa de vida: Animais menores, que consomem mais oxigênio por grama de peso corporal, tendem a dormir mais e viver menos. Humanos com doenças mitocondriais frequentemente experimentam fadiga debilitante mesmo sem esforço, o que agora pode ser explicado pelo mesmo mecanismo.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Mitochondrial origins of the pressure to sleep
Autores: Raffaele Sarnataro, Cecilia D. Velasco, Nicholas Monaco, Anissa Kempf, Gero Miesenbock
Publicação: Nature
DOI: 10.1038/s41586-025-09261-y
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