07/10/2025

Privatização aumenta mortalidade e piora atendimento em hospitais

Redação do Diário da Saúde
Privatização aumenta mortalidade e piora atendimento em hospitais
Quando o impulso principal da atividade é o lucro maior e mais rápido possível, os pacientes sofrem.
[Imagem: Diário da Saúde/Gerado por IA]

Pior para os pacientes

A taxa de mortalidade de pacientes nos departamentos de emergência de hospitais dos EUA aumentou significativamente depois que essas instituições foram adquiridas por empresas de capital privado.

A conclusão é de um estudo nacional abrangente feito por especialistas da Escola Médica de Harvard.

Segundo Sneha Kannan e seus colegas, esse pior resultado para os pacientes deve-se a cortes drásticos nas equipes e nos salários, implementados nos hospitais privatizados com o objetivo de aumentar o lucro.

O capital privado tornou-se um participante significativo no sistema de saúde norte-americano, adquirindo centenas de hospitais. As empresas compram instituições de saúde usando dinheiro de investidores e financiamentos bancários, que cobram retornos financeiros rápidos.

Apesar de essa privatização ser frequentemente anunciada como salvadora de hospitais em dificuldades, os pesquisadores afirmam que havia uma carência de evidências concretas em larga escala sobre o impacto direto dessa gestão na segurança dos pacientes.

O que piorou?

Os pesquisadores analisaram milhões de visitas ao pronto-socorro e internações em UTIs em 49 hospitais recentemente privatizados, comparando-os com 293 hospitais similares não pertencentes a empresas privadas.

Os dados mais crus revelaram um aumento de mortes: Pacientes do sistema de saúde (Medicare) nos prontos-socorros de hospitais privatizados sofreram 7 mortes adicionais a cada 10.000 visitas após a privatização, um aumento de 13% em relação à taxa de referência dos outros hospitais.

Em busca das razões para isso, a equipe identificou cortes de pessoal (demissões) e cortes de salários para os funcionários que permaneceram. Os hospitais privatizados reduziram drasticamente seus gastos:

  • Salários do pessoal de pronto-socorro: corte de 18%.
  • Salários do pessoal de UTI: corte de 16%.
  • Funcionários em tempo integral (todo o hospital): redução de 11,6%.
  • Despesas totais com salários: corte de 16,6%.

Segundo os pesquisadores, os resultados fornecem evidências robustas para que os formuladores de políticas públicas fortaleçam a regulação sobre as aquisições no setor de saúde. Eles alertam que, em serviços onde o cuidado é intensivo em mão-de-obra, como no pronto-socorro, cortes de pessoal equivalem a uma redução direta na capacidade de salvar vidas.

Eles também defendem:

  • Maior transparência e fiscalização: Criar mecanismos para aprovar e monitorar essas transações.
  • Proteção ao paciente: Estabelecer regras que previnam cortes que comprometam a segurança do cuidado, especialmente em áreas críticas como PS e UTI.
  • Regulação das transações: Impedir aquisições que possam colocar vidas em risco em prol do lucro.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Hospital Staffing and Patient Outcomes After Private Equity Acquisition
Autores: Sneha Kannan, Joseph Dov Bruch, José R. Zubizarreta, Jennifer Stevens, Zirui Song
Publicação: Annals of Internal Medicine
Vol.: https://www.acpjournals.org/journal/aim
DOI: 10.7326/ANNALS-24-03471
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