30/05/2011

Saúde brasileira é retratada em revista médica internacional

Redação do Diário da Saúde

Raio X da saúde brasileira

A The Lancet, uma das mais influentes publicações médicas do mundo, lançou um volume especial esmiuçando a saúde dos brasileiros.

Composta de seis artigos de 29 especialistas em saúde pública de diversas instituições acadêmicas e de pesquisa de Brasil, Estados Unidos e Inglaterra, a revista faz uma ampla revisão sobre saúde e assistência médica da população brasileira, baseada em documentos e em análises originais de dados epidemiológicos.

Os estudos apresentados descrevem ainda a história da assistência médica no Brasil, com ênfase na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), assim como a evolução recente das principais doenças e fatores de risco que afligem o Brasil.

Para falar sobre a importância deste volume e apresentar os trabalhos publicados, o Informe Ensp conversou com a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Maria do Carmo Leal, que foi vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fundação.

A The Lancet é a publicação médica mais influente do mundo. Como surgiu a ideia de um especial revisando a saúde brasileira? Em sua opinião, qual a importância deste especial para o país?

Maria do Carmo Leal: A ideia surgiu de um convite do editor da The Lancet, Richard Horton, a um dos mais reconhecidos pesquisadores brasileiros do campo da saúde, o professor César Victora, da Universidade Federal de Pelotas, para ser o editor de uma série sobre a saúde dos brasileiros.

O interesse da revista em fazer uma série sobre o Brasil está relacionado ao atual bom momento do nosso país na economia e na política global, bem como ao respeito que o país tem adquirido da comunidade internacional pelo esforço em promover um desenvolvimento social menos iníquo do que no passado para a sua população.

A publicação conta com seis artigos. Eles abrangem todos os campos da saúde pública no país? Quantos especialistas estiveram envolvidos neste especial?

Maria do Carmo: Os seis artigos priorizam os temas sistema nacional de saúde (SUS); saúde das mães e crianças; doenças infecciosas e parasitárias; doenças crônicas não transmissíveis; lesões físicas e violências; e o último, que enfoca as inovações em saúde e os desafios contemporâneos, com uma chamada para ação dirigida ao governo, trabalhadores de saúde, setor privado, universidades e instituições de ensino, além da sociedade civil.

Foram 34 os autores envolvidos na confecção dos artigos. Outros temas importantes não puderam ser contemplados com um artigo especial, como, por exemplo, o envelhecimento da população brasileira, mas foram considerados no interior das análises.

Esta é a primeira vez que o país tem um especial de saúde pública publicado pela The Lancet?

Maria do Carmo: Sim, muito embora diversos artigos de pesquisadores nacionais sobre aspectos específicos da saúde da população brasileira já tenham sido publicados pela revista.

Em anos recentes, foram também publicadas séries específicas sobre a Índia e a África do Sul.

O que a senhora apresenta no artigo sobre a saúde materno-infantil?

Maria do Carmo: O artigo mostra que, na área da saúde de mães e crianças, o país tem bons resultados para apresentar, como exemplo, uma expressiva queda na mortalidade infantil, tendo atingido a taxa de 20 óbitos por 1 mil nascidos vivos no ano de 2008; importante queda no déficit de altura de crianças menores de 5 anos, estando agora no patamar de 7%; aumento da mediana de amamentação e melhoria no acesso aos serviços de saúde, tendo sido alcançadas coberturas quase universais para imunização, atendimento hospitalar ao parto, dentre outros.

Mais importante ainda é o registro da diminuição das iniquidades geográficas e por grupos sociais nesses indicadores, para o qual muito contribuíram as melhorias sócio-demográficas verificadas no país.

Com relação à saúde das mães, os resultados são menos animadores, com persistência de elevados níveis de mortalidade materna e de complicações decorrentes da prática de aborto inseguro, além das dificuldades na organização da rede assistencial para interligar a atenção pré-natal, de base ambulatorial, à hospitalar de assistência ao parto.

Novos problemas, como o aumento da prematuridade de recém-nascidos e o continuado aumento nas taxas de cesáreas e intervenções obstétricas durante o parto, são os principais desafios para a melhoria dos indicadores de saúde deste grupo.

Qual a importância para a Fiocruz estar na organização deste especial e do evento de lançamento?

Maria do Carmo: A Ensp e a Fiocruz participaram com nove pesquisadores distribuídos entre todos os artigos que compuseram a série Brasil. A nossa participação na organização da série vem desde a primeira reunião de todo o grupo de autores com os consultores externos, que ocorreu em maio de 2010, no Rio de Janeiro, na Fiocruz.

Naquela ocasião, as primeiras versões dos artigos foram apreciadas por consultores nacionais e internacionais e pela editoria científica da Lancet. Os autores reviram os originais e incorporaram as sugestões recebidas.

O número da The Lancet especial sobre o Brasil pode ser acessada no endereço www.thelancet.com/series/health-in-brazil. Tanto os textos em inglês quanto os em português estão disponíveis.

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