30/04/2014

Sexo do cientista altera resultado de pesquisa com cobaias

Redação do Diário da Saúde
Sexo do cientista altera resultado de pesquisa com cobaias
O fato de o cientista ser homem ou mulher altera o comportamento dos animais de laboratório, mudando os resultados dos experimentos.
[Imagem: McGill University]

A incapacidade dos cientistas para replicar resultados de estudos que usam camundongos e ratos tem contribuído para a crescente preocupação sobre a confiabilidade desses estudos, geralmente ligados à saúde humana.

A reprodutibilidade dos resultados das pesquisas é um dos pilares do chamado método científico.

Agora, uma equipe internacional de pesquisadores afirma ter descoberto um fator importante por trás deste problema grave: o sexo dos pesquisadores.

Segundo o grupo, o fato de o cientista que está fazendo o experimento com as cobaias ser um homem ou uma mulher tem um grande impacto sobre os níveis de estresse dos animais mais amplamente utilizados em estudos pré-clínicos, os roedores.

Estresse induzido

A mera presença dos pesquisadores homens produz uma resposta de estresse nos ratos e camundongos equivalente à provocada por prender os roedores durante 15 minutos em um tubo ou forçá-los a nadar durante três minutos.

Esta reação induzida de estresse tornou os camundongos e ratos de ambos os sexos, por exemplo, menos sensíveis à dor, alterando completamente os resultados de experimentos que os estejam usando como cobaias.

A presença de pesquisadoras - mulheres - não produziu os efeitos de indução de estresse nos animais.

"Os cientistas cochicham uns para os outros nas conferências que seus roedores de laboratório parecem estar conscientes da sua presença, e que isso pode afetar os resultados dos experimentos, mas isso nunca foi diretamente demonstrado até agora," disse Jeffrey Mogil, da Universidade McGill (Canadá), que coordenou a equipe que agora mensurou esses efeitos pela primeira vez.

Cheiro de homem

Segundo a equipe, o efeito induzido pelos pesquisadores masculinos sobre os níveis de estresse dos roedores deve-se ao cheiro.

Isso foi demonstrado colocando camisetas usadas na noite anterior por cientistas homens e cientistas mulheres ao lado das cobaias.

Os efeitos foram idênticos àqueles causados pela presença dos próprios pesquisadores, ou seja, as camisetas usadas por mulheres não tiveram efeito sobre os animais, enquanto as camisetas usadas por homens geraram o estresse induzido.

Outros experimentos demonstraram que os efeitos são causados por sinalizadores químicos, ou feromônios, que os homens liberam pela axila em concentrações mais elevadas do que as mulheres.

Esses feromônios sinalizam a presença de animais machos próximos - todos os mamíferos apresentam esses sinalizadores químicos.

De posse desses resultados, os protocolos de pesquisas agora terão que ser refeitos, estabelecendo critérios para o sexo dos pesquisadores que manipulam os animais, ou realizando comparações entre experimentos realizados por homens e por mulheres.

Mais dúvidas

Por outro lado, as dúvidas sobre pesquisas de saúde humana realizadas em animais vão além dos efeitos induzidos pelos pesquisadores.

Vários especialistas alegam que o que acontece com os animais não reproduz o que ocorre no corpo humano porque a fisiologia de homens e ratos é muito diferente.

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