Metáforas são linguísticas, não sensoriais
Linguistas e neurocientistas há muito consideram que a somatossensação - toque, dor, pressão, temperatura e propriocepção, ou a sensação de onde seu corpo está orientado no espaço - é fundamental para a compreensão de metáforas que têm a ver com sensações táteis.
Segundo essa linha de pensamento, compreender expressões como "Ela está passando por um momento duro" ou "Aquele é um professor rígido" requerem experiências anteriores com essas sensações (dureza e rigidez) para estender seu significado às metáforas.
Mas não foi isso o que constataram Jacob Phillips e colegas da Universidade de Michigan (EUA).
Fazendo testes com um indivíduo único, eles comprovaram que você pode compreender e usar linguagem e metáforas táteis sem depender de experiências sensoriais anteriores - em resumo, metáforas são entendidas apenas linguisticamente, sem qualquer dependência dos sentidos.
Pessoa sem sensações
A pessoa que ajudou a comprovar isto é Kim, uma mulher que nasceu sem somatossensação: Ela não tem fibras nervosas sensoriais para sentir seu corpo. Isso inclui a propriocepção, de modo que ela não consegue andar ou ficar em pé sozinha devido à dificuldade de manter o equilíbrio.
Como Kim não consegue perceber sensações táteis, ela conta com outros sentidos para perceber o mundo. Por exemplo, para determinar a dureza de um objeto, ela ouve que tipo de som ele faz quando o atinge contra uma superfície. Ela se baseia em dicas visuais para determinar as texturas, mas como nunca experimentou essas sensações diretamente, ela não tem memórias ou experiências armazenadas para se referir mais tarde ao usar a linguagem e as metáforas.
No entanto, em um teste que pedia a ela e a outros voluntários com sensações normais que selecionassem a melhor expressão sensorial para completar uma frase, Kim se saiu tão bem quanto as pessoas com somatossensação típica.
Em testes envolvendo frases como "Fez uma negociação dura", "Respondeu de modo áspero", "Errou o alvo" ou "Caiu na cama", Kim saiu-se tão bem ou até melhor do que os controles.
"Agora temos dados para mostrar qual lado do debate está correto, e isso significa que você não precisa ter experiência somatossensorial. Isso abre portas para realmente entender como essas coisas são adquiridas, como elas mudam e como são usadas para todos os tipos de coisas," concluiu a professora Peggy Mason, coordenadora da pesquisa.
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