Reversão do derrame
Uma nova técnica que impulsiona o crescimento de fibras nervosas pode reverter grande parte dos danos causados por acidentes vasculares cerebrais, ou derrames.
"Esta terapia poderá ser usada para restaurar funções mesmo quando aplicada muito tempo depois da lesão cerebral isquêmica ter acontecido," afirma Gwendolyn Kartje, da Universidade Loyola, em Chicago, nos Estados Unidos.
A descrição da nova terapia será publicada no exemplar de janeiro da revista Stroke.
Sem ação
Hoje, os médicos pouco podem fazer para limitar os danos depois do primeiro dia após a ocorrência de um acidente vascular cerebral.
A maioria dos derrames são isquêmicos, ou seja, causados por coágulos sanguíneos.
Um remédio chamado tPA pode limitar os danos, mas deve ser dado nas primeiras três horas após o evento para se alcançar o maior benefício - a maioria dos pacientes não recebe tratamento nesse tempo.
Terapia anti-Nogo
Kartje e seus colegas agora descreveram um novo tratamento, chamado terapia anti-Nogo-A.
Nogo-A é uma proteína que inibe o crescimento de fibras nervosas chamadas axônios. Ela serve como um indicador sobre o crescimento de nervos que podem tornar um paciente excessivamente sensível à dor ou experimentar movimentos involuntários.
O nome da proteína vem da expressão inglesa "No go", que significa "não vá", porque, na prática, ela diz: "Não vá" para os axônios.
Na terapia anti-Nogo, um anticorpo desativa a proteína Nogo. Isso permite o crescimento dos axônios no lado do corpo afetado pelo derrame, promovendo a restauração das funções perdidas devido ao acidente vascular cerebral.
Recuperação pós-derrame
Kartje e os colegas relatam resultados encorajadores da terapia anti-Nogo em camundongos que sofreram derrames medicamente induzidos.
Nove semanas após o derrame, seis animais receberam terapia anti-Nogo, quatro receberam um tratamento de controle, constituído por um anticorpo inativo, e cinco camundongos não receberam nenhum tratamento.
Nove semanas depois, os animais que receberam a terapia anti-Nogo recuperaram 78% da sua capacidade de movimentação anterior.
Em comparação, aqueles que não receberam tratamento recuperaram 47% da sua capacidade, e os que receberam o tratamento controle de anticorpos inativos recuperaram 33% do seu desempenho.
Exames posteriores do tecido cerebral das cobaias revelaram que os ratos que receberam a terapia anti-Nogo apresentaram desenvolvimento significativo de novos axônios.
O próximo passo da pesquisa será avaliar a terapia anti-Nogo em pacientes paralisados por lesões na coluna.
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