06/09/2022

Um tipo de bullying é mais comum do que os outros

Redação do Diário da Saúde
Um tipo de bullying é mais comum do que os outros
"Ensinamos o famoso slogan 'Veja alguma coisa, diga alguma coisa', mas, na prática, é difícil para as crianças intervir e avaliar os conflitos rapidamente."
[Imagem: Batian Lu/Pixabay]

Agressão relacional

O bullying é tipicamente retratado na mídia como agressão física, como empurrar e chutar, ou agressão verbal, como ameaças e insultos depreciativos.

Por isso, os psicólogos se surpreenderam ao descober que a forma mais comum de bullying é a chamada agressão relacional, que envolve a exclusão social da pessoa das atividades do grupo, além da disseminação de rumores nocivos, em lugar da agressão verbal direta.

"Estudos anteriores sugerem que, quando uma criança é excluída das atividades sociais por seus colegas na escola, os resultados para essa criança, tanto a curto quanto a longo prazo, serão tão prejudiciais quanto se ela fosse chutada, socada ou esbofeteada todos os dias. Então este nosso estudo lança luz sobre a exclusão social que os jovens enfrentam com frequência," disse o professor Chad Rose, da Universidade de Missouri (EUA).

A equipe do professor Chad entrevistou mais de 14.000 estudantes, perguntando-lhes se eles concordavam ou discordavam de declarações que refletiam atitudes pró-bullying, a percepção de popularidade e a agressão relacional.

As perguntas incluíam coisas como "Um pouco de provocação não faz mal a ninguém", "Não me importo com o que as crianças dizem, desde que não seja sobre mim", "No meu grupo de amigos, geralmente sou eu quem toma decisões" e "Quando estou bravo com alguém, eu me vingo não deixando que ele fique mais no meu grupo".

Apoio ao bullying e dificuldade de intervir

"O que nós descobrimos é que crianças que se percebem como socialmente dominantes ou populares endossam atitudes pró-bullying, mas não se percebem envolvidas na agressão relacional.

"Apareceu um outro grupo que não se percebia como socialmente dominante ou popular, mas endossava atitudes pró-bullying e se engajava em agressão relacional.

Então, o primeiro grupo pensa que está tudo bem com bullying mas não se vê se engajando nele, mesmo que na verdade estivessem excluindo os outros. Embora o segundo grupo tenha admitido se envolver em agressão relacional, eles podem estar excluindo os outros como uma tentativa de disputar a posição de ser mais socialmente dominante e subir na hierarquia social," resumiu o pesquisador.

O estudo revelou ainda um terceiro grupo, que relatou baixos níveis de atitudes pró-bullying e baixos níveis de agressão relacional, conhecidos como não-agressores ou espectadores.

"O que é interessante sobre os espectadores é que eles frequentemente perpetuam o bullying, o que significa que servem como reforços sociais e estão por perto quando está acontecendo," disse Rose. "Ensinamos o famoso slogan 'Veja alguma coisa, diga alguma coisa', mas, na prática, é difícil para as crianças intervir e avaliar os conflitos rapidamente - é difícil até para os adultos.

"Se vemos duas crianças em uma briga física, sentimos a obrigação de separá-la. Mas quando vemos crianças sendo excluídas por seus colegas, os adultos nem sempre parecem ver isso como igualmente prejudicial, e essa é a parte assustadora," concluiu Chad.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Survey of secondary youth on relational aggression: impact of bullying, social status, and attitudes
Autores: Ann Y. Kim, Chad A. Rose, Stephanie Hopkins, Nikita Mc Cree, Monica Romero
Publicação: Preventing School Failure: Alternative Education for Children and Youth
DOI: 10.1080/1045988X.2022.2070589
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