Causas da espinha bífida
A espinha bífida é uma má-formação congênita que interrompe o fechamento normal do tubo neural, podendo levar a complicações ao longo da vida, como paralisia e hidrocefalia.
Embora a suplementação com ácido fólico comprovadamente iniba a ocorrência de espinha bífida, ela não impede completamente a ocorrência dessa condição, indicando que suas causas (etiologia) são mais complexas do que se acreditava.
Em busca de respostas, Ethan Wong e colegas da Universidade de Chicago (EUA) varreram toda a literatura científica publicada sobre o assunto nos últimos 20 anos.
A conclusão geral é que a atual estratégia de prevenção da espinha bífida pela suplementação de ácido fólico é insuficiente. Para superar esse quadro, a equipe defende uma compreensão mais aprofundada das interações gene-ambiente para subsidiar a redução dos riscos e intervenções clínicas mais efetivas, que possam reduzir as ocorrências remanescentes.
Para guiar os esforços, a equipe identificou nos estudos duas linhas de fatores - marcadores genéticos e fatores ambientais - que interagem durante o desenvolvimento embrionário, podendo levar à espinha bífida, e que deverão ser considerados no redesenho da estratégia atual.
Genes e fatores ambientais
A revisão concluiu que a suplementação de ácido fólico é um fator de proteção adequado, mas incompleto. Apesar dos programas de fortificação em saúde pública, os casos de espinha bífida - especialmente lipomielomeningocele - permanecem inalterados, indicando fatores contribuintes adicionais.
Os cientistas constataram que exposições ambientais, como pesticidas, solventes, arsênio e metilmercúrio, elevam significativamente o risco, especialmente quando combinadas com suscetibilidade genética. Medicamentos como ácido valpróico e anticonvulsivantes, obesidade materna, diabetes e infecções também apareceram como principais potencializadores de risco.
Notavelmente, a alta exposição ao arsênio parece anular o efeito protetor do ácido fólico.
A análise genética revela variantes na via folato-homocisteína, particularmente em MTHFR, MTRR e MTHFD1, como potentes fatores de risco. E dados obtidos de estudos de associação genômica ampla e sequenciamento completo do exoma revelaram interações gene-ambiente envolvendo os genes PON1 e NAT1, bem como mutações nas vias de estresse oxidativo (por exemplo, SOD1, SOD2) e sinalização Wnt (por exemplo, CELSR1, PRICKLE2).
Prevenção personalizada
Os cientistas sugerem que a combinação de fatores genéticos e ambientais pode atuar sinergicamente para prejudicar a neurulação, o processo embrionário de fechamento do tubo neural. Essas descobertas exigem estratégias de prevenção multifacetadas que incorporem tanto a regulação ambiental quanto a triagem de risco genético.
"Nossa revisão ressalta a necessidade urgente de ir além de um modelo de prevenção universal," disse o Dr. Yi Zhu. "Agora sabemos que o risco de espinha bífida é influenciado por uma rede complexa de genes e exposições ambientais. Isso significa que intervenções personalizadas - como dosagens de ácido fólico adaptadas com base em perfis genéticos - podem melhorar drasticamente os resultados. É hora de integrar os insights genômicos aos cuidados maternos e às políticas de saúde pública."
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