31/07/2017

Antiviróticos? Descoberto mecanismo que destrói vírus antes da infecção

Redação do Diário da Saúde
Antiviróticos? Descoberto mecanismo que destroi vírus antes da infecção
Superfície de um vírus da gripe afetado pelo anticorpo neutralizante. As cores correspondem à distância da superfície até o centro do vírus. As regiões vermelhas indicam os fragmentos do antígeno.
[Imagem: Michael G. Rossmann/Purdue University]

Antiviróticos

Apesar das diferenças entre os patógenos, as infecções causadas por bactérias e aquelas causadas por vírus são semelhantes em muitos aspectos, e muitas vezes causam sintomas comparáveis.

Contudo, as infecções bacterianas podem ser tratadas com antibióticos, enquanto as infecções virais geralmente não são facilmente curadas - não existem ainda "antiviróticos" de amplo espectro que possam ser comparados aos antibióticos.

Mas o caminho para isso pode ter sido aberto pela equipe dos professores Yangchao Dong e Michael Rossmann, da Universidade Purdue (EUA), que acabam de descobrir como alguns anticorpos neutralizam infecções causadas por vírus comuns.

Eles demonstraram que determinados anticorpos têm a capacidade de abrir um vírus e esvaziar seu genoma. Isso seria o equivalente a matá-lo - se é que se pudesse considerar os vírus como entes vivos.

Nos experimentos, a ligação de um anticorpo neutralizante a rinovírus específicos gerou mudanças significativas em torno de "furos" no invólucro do vírus - a chamada cápside -, permitindo que o RNA viral escapasse. Este processo de "retalhamento" interrompe a capacidade do vírus de se replicar na célula - o vírus é inativado.

"Normalmente, no ciclo infeccioso o vírus deve liberar seu genoma na célula, para que possa se replicar," explicou Yue Liu, responsável pelos experimentos. "Na superfície das células, há uma série de moléculas receptoras que podem desencadear a liberação do genoma do vírus. Agora descobrimos um anticorpo que pode fazer o mesmo".

A diferença é que o mecanismo funciona fora da célula, antes que o vírus inicie o processo de infecção e replicação.

Antivirais genéricos

Embora estes resultados ainda não signifiquem a descoberta de uma cura direta, por exemplo, para as gripes e resfriados, eles indicam que os cientistas estão se aproximando disto.

Agora que eles sabem como um anticorpo pode neutralizar a infecção viral, podem aplicar o mecanismo a outros vírus semelhantes.

"Nós agora temos dois exemplos da liberação do genoma [do vírus] induzida por anticorpos da cápside, de forma que podemos utilizar esse mecanismo para projetar a estrutura básica do antígeno," detalhou Liu. "Ele então poderá ser usado para simular a produção de anticorpos neutralizantes que possam ser úteis no controle de vírus semelhantes".

A pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

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