16/07/2025

O cérebro fica ligado durante o sono - mas só para alguns sons

Redação do Diário da Saúde
O cérebro permanece ligado durante o sono - mas só para alguns sons
Alguns sons vão te acordar - mas a maioria deles não.
[Imagem: Luc Arnal]

Sons que acordam

Durante o sono, o cérebro precisa atingir um equilíbrio delicado: Desconectar-se dos estímulos sensoriais, para permitir funções restauradoras, enquanto permanece alerta o suficiente para acordar em caso de perigo.

Cientistas da Universidade de Genebra (Suíça) e do Instituto Pasteur (França) queriam então descobrir como o cérebro classifica os estímulos externos - particularmente os sons - durante o sono, para saber se é apenas um carro passando na rua ou se é um sinal de perigo, como alguém gritando "Fogo".

Para isso, eles estudaram como o cérebro responde aos chamados "sons ásperos", como gritos ou alarmes, enquanto os voluntários dormiam.

Os resultados mostraram que esses sons ásperos são processados sistematicamente, desencadeando ondas cerebrais específicas, algo que não acontece com os "sons amenos", com os quais convivemos em nossas noites tranquilas e para os quais o cérebro nem dá bola.

Sons ásperos

A aspereza sonora é uma propriedade acústica caracterizada por modulações rápidas da intensidade sonora, entre 40 e 100 vezes por segundo. "Ao contrário da fala, onde as sílabas ocorrem a uma taxa entre 4 e 8 Hz, sons ásperos atingem o sistema auditivo em frequências muito mais altas, produzindo uma sensação estridente e frequentemente desagradável," explica o professor Luc Arnal. "Essa qualidade, típica de alarmes sonoros, gritos humanos e choros de bebês, é precisamente o que os torna tão eficazes: Eles capturam automaticamente nossa atenção para sinalizar perigo iminente."

Esses sons ativam diretamente a amígdala, uma região do cérebro envolvida em respostas emocionais e atenção. Por isso a equipe acredita que sua descoberta permitirá lidar melhor com determinados distúrbios perceptivos, como a hiperacusia (hipersensibilidade e/ou intolerância a certos sons), bem como o impacto de distúrbios noturnos repetidos na função cerebral.

"A rugosidade sonora não é comumente encontrada em ambientes cotidianos. Tanto em humanos quanto em animais, ela é tipicamente reservada para comunicações urgentes e de alto risco," explicou Arnal. "No entanto, a superexposição a essas frequências sonoras pode evocar reações emocionais muito diferentes dependendo do indivíduo - às vezes irracionais ou até agressivas."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Scream’s roughness grants privileged access to the brain during sleep
Autores: Guillaume Y. T. Legendre, Maëva Moyne, Judith Domínguez-Borràs, Samika Kumar, Virginie Sterpenich, Sophie Schwartz, Luc H. Arnal
Publicação: Nature Scientific Reports
Vol.: 15, Article number: 16686
DOI: 10.1038/s41598-025-01560-8
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