Fetos não têm bactérias
Afirmações científicas de que os bebês abrigam bactérias vivas ainda no útero são imprecisas e estão impedindo o progresso da pesquisa na área.
Esta afirmação contundente acaba de ser feita por uma grande equipe multi-institucional, liderada pela Dra Katherine Kennedy, da Universidade College Cork (Irlanda), em um artigo aceito para publicação pela renomada revista científica Nature.
O saber científico atual, aceito por décadas, afirma que a placenta humana e o líquido amniótico são normalmente colonizados por bactérias, criando o que se convencionou chamar de microbioma fetal.
Muito mais do que uma mera curiosidade, esse fato, se verdadeiro, teria sérias implicações para a medicina clínica e a pediatria. Acontece que essa "verdade científica" vai contra os princípios estabelecidos em imunologia e biologia reprodutiva, alega a equipe.
Para examinar essas alegações, formou-se uma equipe transdisciplinar formada por 46 especialistas líderes em biologia reprodutiva, ciência do microbioma e imunologia de todo o mundo para avaliar as evidências de micróbios em fetos humanos.
Os resultados são contundentes: Um feto humano saudável é estéril, sem qualquer colonização por bactérias, sejam da mãe ou do ambiente.
Microbioma fetal não existe
A equipe refutou unanimemente o conceito de microbioma fetal e concluiu que a detecção de microbiomas em tecidos fetais feitos por cientistas e médicos anteriormente se deveram à contaminação das amostras retiradas do útero.
A contaminação pode ter ocorrido durante o parto vaginal, procedimentos clínicos ou durante as análises laboratoriais.
No artigo publicado na Nature, os especialistas incentivam os pesquisadores a concentrar seus estudos nos microbiomas das mães e de seus recém-nascidos e nos metabólitos microbianos que atravessam a placenta e preparam o feto para a vida pós-natal em um mundo microbiano.
"Esse consenso fornece um guia para esse campo de pesquisas avançar, para concentrar esforços de pesquisa onde eles serão mais eficazes. Saber que o feto está em um ambiente estéril confirma que a colonização por bactérias ocorre durante o nascimento e no início da vida pós-natal, que é onde a pesquisa terapêutica sobre modulação do microbioma deve ser focada," disse o Dr Jens Walter, membro da equipe.
Em seu artigo, os especialistas também fornecem orientação sobre como os cientistas podem evitar armadilhas de contaminação na análise de outras amostras onde se espera que os micróbios estejam ausentes ou presentes em níveis baixos, como órgãos internos e tecidos do corpo humano.
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