02/03/2020

Coronavírus coletado no Brasil tem genoma sequenciado em 48 horas

Com informações da Agência Fapesp
Coronavírus coletado no Brasil tem genoma sequenciado em 48 horas
Tecnologia que sequenciou coronavírus em 48 horas permitirá monitorar epidemia em tempo real - dados do genoma serão úteis para o desenvolvimento de vacinas e testes diagnósticos.
[Imagem: CDC]

SARS-CoV-2

Apenas dois dias após o primeiro caso de coronavírus da América Latina ter sido confirmado na capital paulista, pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e das universidades de São Paulo (USP) e de Oxford (Reino Unido) publicaram a sequência completa do genoma viral, que recebeu o nome de SARS-CoV-2, causador da gripe covid-19.

Os dados foram disponibilizados no site virological.org, um fórum de discussão e compartilhamento de dados entre virologistas, epidemiologistas e especialistas em saúde pública.

Além de ajudar a entender como o vírus está se dispersando pelo mundo, esse tipo de informação é útil para o desenvolvimento de vacinas e testes diagnósticos.

"Ao sequenciar o genoma do vírus, ficamos mais perto de saber a origem da epidemia. Sabemos que o único caso confirmado no Brasil veio da Itália, contudo, os italianos ainda não sabem a origem do surto na região da Lombardia, pois ainda não fizeram o sequenciamento de suas amostras. Não têm ideia de quem é o paciente zero e não sabem se ele veio diretamente da China ou passou por outro país antes," disse Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical da USP.

A sequência gerada pela pesquisa brasileira é muito semelhante à de amostras sequenciadas na Alemanha e apresenta diferenças em relação ao genoma observado em Wuhan, epicentro da epidemia na China. "Esse é um vírus que sofre poucas mutações, em média uma por mês. Por esse motivo não adianta sequenciar trechos pequenos do genoma. Para entender como está ocorrendo a disseminação e como o vírus está evoluindo é preciso mapear o genoma completo," explicou Ester.

Esse monitoramento permite identificar as regiões do genoma viral que menos sofrem mutações - algo essencial para o desenvolvimento de vacinas e testes diagnósticos.

"Caso o teste tenha como alvo uma região que muda com frequência, a chance de perda da sensibilidade é grande", disse a pesquisadora.

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