15/10/2019

Descoberto como emoções podem afetar o movimento

Redação do Diário da Saúde
Descoberto como emoções podem afetar o movimento
Um aglomerado de neurônios de sinalização dos gânglios da base (verde), que transmitem informações emocionais ao circuito de movimento para controlar a ação. Neurônios dopaminérgicos (vermelhos) também estão presentes na imagem.
[Imagem: Salk Institute]

Quando você "trava"

Durante situações de estresse elevado, como marcar um gol no futebol, alguns atletas experimentam um rápido declínio no desempenho sob pressão, conhecido como "sufocamento" ou "colapso".

No dia a dia, essas situações também são comuns, principalmente em momentos de grande alvoroço e frente a acontecimentos impactantes.

Psicólogos acreditam ter descoberto o que pode estar por trás desse fenômeno: Sinais unidirecionais saindo do circuito emocional do cérebro e indo para o circuito de movimento.

A descoberta dessa rota pode viabilizar novas estratégias para o tratamento de distúrbios que levam a pessoa a "travar", como transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade e depressão, além de ajudar na recuperação de lesões na medula espinhal e na melhoria do desempenho físico sob pressão, afirmam Sho Aoki e seus colegas do Instituto Salk (EUA).

Conexão entre emoções e movimentos

Até agora, os cientistas acreditavam que os circuitos de movimento e emoção do cérebro funcionavam como circuitos fechados paralelos, operando independentemente um do outro para transmitir informações importantes.

No entanto, eles começaram a suspeitar que poderia haver alguma influência da emoção no movimento devido à observação de que, em condições neuropsiquiátricas como a depressão, a diminuição do movimento físico é um sintoma, e ele poderia estar ligado a uma interrupção no processamento emocional e à menor motivação. No entanto, ainda não se sabia muito sobre as conexões dentro de cada circuito ou como os circuitos poderiam interagir.

Descoberto como emoções podem afetar o movimento
Também já se sabia como algumas músicas dão prazer físico.
[Imagem: Johanna Sänger/MPI for Human Development]

Para explorar como a informação emocional atinge os circuitos de movimento no cérebro, a equipe usou uma combinação de técnicas de última geração, envolvendo vírus inócuos e optogenética, que permitiram rastrear o que estava acontecendo no cérebro em diversas situações.

"Esta descoberta é muito empolgante, já que é a primeira vez que se encontrou um circuito abrangente, mostrando como os estados emocionais podem influenciar o movimento através de conexões em uma área do cérebro chamada gânglios da base, uma região envolvida no comportamento orientador," disse o professor Xin Jin, coordenador do estudo. "Antes não sabíamos muito sobre essa rota, então ela traz um paradigma inteiramente novo para examinar distúrbios psiquiátricos e lesões na medula espinhal".

Emoção controla movimento

O que a equipe descobriu é que os gânglios basais, que incluem estruturas envolvidas no comportamento orientador, atuam essencialmente como uma encruzilhada para o circuito emocional influenciar diretamente o circuito do movimento para controlar a ação.

"Doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade, podem alterar as ações de maneira dramática, diminuindo ou aumentando os movimentos. Esse mecanismo representa uma provável maneira de os estados emocionais estarem relacionados às mudanças no controle da ação nas doenças psiquiátricas," disse Jin.

Além disso, essa comunicação unidirecional pode ser relevante para a recuperação de lesões medulares. Os pesquisadores anteriormente se concentraram nos centros de movimento do cérebro porque a lesão na medula espinhal é um problema de movimento; no entanto, como estes novos resultados sugerem que estados emocionais podem influenciar os centros de movimento cerebral, experimentar emoções positivas, como motivação, pode ajudar os pacientes no processo de recuperação.

Checagem com artigo científico:

Artigo: An open cortico-basal ganglia loop allows limbic control over motor output via the nigrothalamic pathway
Autores: Sho Aoki, Jared B Smith, Hao Li, Xunyi Yan, Masakazu Igarashi, Patrice Coulon, Jeffery R Wickens, Tom JH Ruigrok, Xin Jin
Publicação: eLife
DOI: 10.7554/eLife.49995
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