Visões da deficiência
Pesquisadores japoneses desenvolveram uma nova estrutura filosófica para entender a relação entre a deficiência e o bem-estar.
Batizada de "visão da diferença ruim condicional", a proposta é que a deficiência deve ser vista como uma desvantagem se, e somente se, ela interferir na capacidade do indivíduo de perseguir suas aspirações e projetos de vida.
O debate filosófico sobre a deficiência tem sido dominado por duas visões opostas. De um lado, a "visão da diferença ruim" argumenta que a deficiência é intrinsecamente prejudicial ao bem-estar, mesmo em uma sociedade ideal sem discriminação. Do outro, a "visão da mera diferença" defende que, nesse mesmo cenário ideal, a deficiência é eticamente neutra, assim como a raça ou o gênero.
Ambas as perspectivas, porém, falham em capturar a diversidade de experiências vividas pelas pessoas com deficiência, tratando-a como uma condição uniforme.
A nova visão condicional foi desenvolvida justamente para oferecer um olhar mais sutil e individualizado. "Nossa visão introduz uma nuance que reflete as experiências diversas das pessoas com deficiência, que muitas vezes faltou nesses debates," explicou Shu Ishida, da Universidade de Hiroshima. "Se uma deficiência é ruim ou neutra para uma pessoa depende de como ela afeta o modo de vida ao qual a pessoa aspira."
Por exemplo, uma condição que limite a mobilidade pode ser uma barreira significativa para alguém que gostaria de ser um atleta, mas pode ter um impacto neutro ou mesmo positivo na vida de alguém cujas paixões e carreira são plenamente realizáveis nessa condição.
Vantagens da diferença ruim condicional
Os pesquisadores já se anteciparam e discutiram possíveis objeções potenciais à sua teoria.
Uma delas, a "objeção da realizabilidade múltipla", argumenta que experiências valiosas podem ser alcançadas de várias maneiras, minimizando o impacto da deficiência. Os autores contra-argumentam que certas combinações de deficiências podem, de fato, restringir significativamente as experiências disponíveis.
Outra objeção, a dos "bens específicos da deficiência", sustenta que algumas deficiências podem trazer ganhos únicos. Os autores reconhecem isso, mas salientam que tais ganhos não se aplicam universalmente a todas as pessoas com uma dada deficiência.
A principal aplicação da "diferença ruim condicional" é servir como um princípio orientador para políticas, tecnologias e discussões éticas, promovendo um respeito maior pela autonomia e diversidade das pessoas com deficiência, dizem os pesquisadores. Entre as vantagens, eles citam:
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