05/03/2024

Falar lento é indicador de saúde do cérebro, demora para lembrar palavras não

Redação do Diário da Saúde
Falar lento é indicador de saúde do cérebro, demora para lembrar palavras não
Demorar para lembrar de palavras é parte do envelhecimento saudável.
[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

Demora para lembrar e demora para falar

À medida que envelhecemos, podemos começar a perceber que demoramos mais para encontrar as palavras certas. Os mais preocupados podem ser levados a pensar nisso como indicador de declínio cognitivo e risco de demência.

Contudo, cientistas descobriram que a velocidade da fala é um indicador mais importante da saúde do cérebro do que a dificuldade em se lembrar de palavras específicas, o que parece ser uma parte normal do envelhecimento saudável. Este é um dos primeiros estudos a analisar as diferenças na fala natural e na saúde do cérebro entre adultos saudáveis.

"Nossos resultados indicam que mudanças na velocidade geral da fala podem refletir mudanças no cérebro," disse o Dr. Jed Meltzer, da Universidade de Toronto (Canadá). "Isso sugere que a velocidade da fala deve ser testada como parte de avaliações cognitivas padrão para ajudar os médicos a detectar o declínio cognitivo mais rapidamente e ajudar os idosos a apoiar a saúde do cérebro à medida que envelhecem."

Embora muitos idosos no experimento tenham tido necessidade de fazer uma pausa para procurar por palavras, os resultados indicam que esse declínio na memória é uma parte normal do envelhecimento. Por outro lado, o abrandamento da fala normal, independentemente das pausas, mostrou-se um indicador mais importante de alterações na saúde do cérebro.

Entenda o estudo

No experimento, 125 voluntários saudáveis com idades entre 18 e 90 anos completaram três avaliações diferentes. O primeiro foi um jogo de nomeação de imagens, no qual eles tinham que responder a perguntas sobre imagens ignorando palavras de distração que ouviam através de fones de ouvido. Por exemplo, ao olhar para a foto de um esfregão, a pergunta era: "Termina em 'o'?" enquanto eles ouviam a palavra "vassoura" como distração. Dessa forma, os pesquisadores puderam testar a capacidade dos participantes de reconhecer o que era a imagem e de lembrar seu nome.

Em seguida, os participantes foram gravados enquanto descreviam duas imagens complexas, gastando 60 segundos em cada. O desempenho linguístico foi então analisado através de um software baseado em inteligência artificial, que analisou a rapidez com que cada participante falava e o quanto fazia pausas.

Finalmente, os voluntários completaram testes padrão para avaliar as capacidades mentais que tendem a diminuir com a idade e estão ligadas ao risco de demência - nomeadamente, a função executiva, que é a capacidade de gerir informações conflitantes, manter o foco e evitar distrações.

Como esperado, muitas habilidades diminuíram com a idade, incluindo a velocidade de encontrar as palavras corretas para cada ocasião. Surpreendentemente, embora a capacidade de reconhecer uma imagem e de lembrar o seu nome tenha piorado com a idade, isto não foi associado a um declínio em outras capacidades mentais. Em outras palavras, o número e a duração das pausas que os participantes fizeram para encontrar palavras não estavam ligados à saúde do cérebro. Em vez disso, a rapidez com que os participantes conseguiram nomear as imagens previu a rapidez com que falavam em geral, e ambos estavam ligados à função executiva.

Em outras palavras, não foi uma pausa para encontrar palavras que mostrou a ligação mais forte com a saúde do cérebro, mas sim a velocidade da fala em torno das pausas.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Cognitive components of aging-related increase in word-finding difficulty
Autores: Hsi T. Wei, Dana Kulzhabayeva, Lella Erceg, Jessica Robin, You Zhi Hu, Mark Chignell, Jed A. Meltzer
Publicação: Aging Neuropsychology and Cognition
DOI: 10.1080/13825585.2024.2315774
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