22/09/2020

Interação de medicamentos para Alzheimer pode estar piorando a demência

Redação do Diário da Saúde
Interação de medicamentos para Alzheimer pode estar piorando a demência
"Com um efeito em cascata, basicamente é a medicação que está gerando uma piora, e não a doença."
[Imagem: Universidade de Houston]

Efeito cascata

Dois medicamentos comuns usados para demência em pacientes com doença de Alzheimer estão sob suspeita de causarem mais mal do que bem.

As duas drogas estão sendo submetidas a novas análises para determinar até que ponto elas não se misturam bem, o que pode explicar uma cascata de efeitos colaterais, não apenas não produzindo o efeito esperado, mas também levando à necessidade de ainda mais medicamentos.

Os medicamentos são os inibidores da colinesterase (ChEIs) como o donepezil, que reduz os sintomas de demência, e os antimuscarínicos como a oxibutinina, que trata a incontinência urinária, geralmente causada pela ingestão dos ChEIs.

"Com um efeito em cascata, basicamente é a medicação que está gerando uma piora, e não a doença," disse o Dr. Rajender Aparasu, da Universidade de Houston (EUA).

O Dr. Aparasu está chefiando uma equipe para investigar os efeitos adversos da mistura de inibidores da colinesterase e antimuscarínicos em idosos com doença de Alzheimer a pedido do Instituto Nacional de Envelhecimento dos EUA.

Caixa preta

Para os pacientes com demência causada pela doença de Alzheimer, o tratamento de primeira linha é um inibidor da colinesterase.

Além de terem um sucesso apenas moderado na redução dos sintomas da demência, esses medicamentos geralmente levam ao uso de antimuscarínicos para tratar os sintomas da bexiga hiperativa. Isso dá início a uma cascata de eventos que frequentemente causa outros sintomas que devem ser medicados com outras drogas, incluindo antipsicóticos para tratar sintomas comportamentais como agitação, delírios e alucinações.

"O que está acontecendo é que a combinação dos dois medicamentos agrava a demência nos pacientes, fazendo com que tenham problemas de comportamento, por isso acabam tomando medicamentos antipsicóticos, que podem levar a eventos adversos ainda mais graves," disse Aparasu, referindo-se ao que ele chama de "caixa preta de advertência da FDA" sobre antipsicóticos, que avisa que os medicamentos podem aumentar o risco de morte em pacientes com demência.

Memantina

Muitos pacientes com piora da demência também acabam tomando o medicamento memantina. Uma pesquisa preliminar da equipe do Dr. Aparasu descobriu que a memantina e os antipsicóticos foram receitados para 30% e 23% dos pacientes com Alzheimer, respectivamente, após a cascata inicial de eventos adversos.

Ele agora pretende examinar os registros de mais de quatro milhões de adultos que sofrem do mal de Alzheimer no sistema de seguro saúde dos EUA para verificar a real magnitude do problema, em busca de reduzir as interações medicamentosas e seus efeitos adversos na demência.

"Nossa meta é examinar a extensão das cascatas de prescrição de ChEIs em idosos com doença de Alzheimer e avaliar todos os efeitos adversos graves associados à interação ChEI-antimuscarínico em idosos com a doença.

"O objetivo é avaliar as interações medicamentosas e seus efeitos adversos para que possamos obter informações que os médicos possam usar para melhorar a qualidade do uso de medicamentos na demência," disse Aparasu.

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