20/06/2013

Melatonina ajuda a combater o câncer de mama

Com informações da Agência Fapesp

A melatonina - hormônio cuja principal função é regular o sono - também pode ajudar a combater o câncer de mama.

A conclusão é de pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

A equipe da professora Débora Zuccari verificou que a substância é capaz de reduzir pela metade, em média, o crescimento do tumor em camundongos.

A melatonina é secretada naturalmente pela glândula pineal, localizada no cérebro, e participa da regulação do ciclo de sono e vigília em todos os mamíferos.

Em alguns países, a substância também pode ser encontrada em farmácias na forma de suplemento alimentar, mas no Brasil a venda não é autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo Débora, estudos anteriores indicaram que, em doses terapêuticas - acima dos níveis naturalmente encontrados no organismo -, a melatonina tem ação antioxidante, ajudando a livrar as células de radicais livres que podem causar dano ao DNA. Além disso, ela inibe a atividade da telomerase, enzima cuja expressão aumenta nas células malignas para favorecer sua proliferação.

"Diversos trabalhos mostraram que o tumor, muitas vezes, é capaz de manipular as defesas do organismo, fazendo até mesmo as citocinas pró-inflamatórias trabalharem a seu favor. A melatonina parece modular essa resposta imune, impedindo que as células malignas se multipliquem tão livremente", explicou a pesquisadora.

Viabilidade celular

O objetivo do experimento era ver o impacto da melatonina sobre a viabilidade celular, ou seja, sobre a capacidade de multiplicação das células em cultura.

"Quando o tumor entra em processo de crescimento exponencial, parte do tecido começa a sofrer de hipóxia (falta de oxigênio) e isso estimula a expressão dos genes responsáveis pela formação de novos vasos sanguíneos, principalmente o VEGF (fator de crescimento endotelial vascular), para aumentar o aporte de nutrientes no local", explicou Débora.

Parte das culturas foi então tratada com doses de melatonina que variaram entre 0,5 e 10 milimols (mmol).

Nas linhagens de células metastáticas, a dose de 1 mmol foi a que mostrou maior benefício, reduzindo em 50% a viabilidade celular quando comparada ao controle.

"Já nas linhagens de carcinoma ductal invasivo, todas as doses foram capazes de reduzir a viabilidade celular em mais de 50%. Acreditamos que o benefício se deva ao fato de que esse tipo de tumor é sensível ao estrogênio e a melatonina se liga nos receptores de estrogênio. Já no caso das células metastáticas, o mecanismo de interação ainda não está bem estabelecido, precisamos investigar melhor", disse Débora.

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