16/08/2018

Memórias moldam o que vemos mais do que aquilo que estamos vendo agora

Redação do Diário da Saúde
Memórias moldam o que vemos mais do que aquilo que estamos vendo agora
A equipe da Dra Biyu He publicou os resultados dos seus estudos na revista científica eLife.
[Imagem: NYU School of Medicine]

Olhar para a memória

Quando olhamos para um objeto, paisagem ou pessoa, tomamos consciência do que estamos vendo combinando os estímulos sensoriais reais imediatos, obtidos pela nova visão do momento, com comparações com imagens armazenadas na nossa memória.

Visto pelo lado oposto, isto significa que uma experiência visual única pode moldar nossas percepções posteriores.

E isso pode explicar uma série de comportamentos, incluindo as fobias - como quando uma corda enrolada em uma trilha pode desencadear um salto assustado de um caminhante que não se esquece de que uma vez quase pisou, ou literalmente pisou, em uma cobra.

"Nossas descobertas fornecem novos detalhes importantes sobre como a experiência altera a atividades específicas relacionadas a cada conteúdo em regiões do cérebro não vinculadas anteriormente à representação de imagens pelas redes de células nervosas," disse a Dra Biyu He, da Universidade de Nova Iorque.

"O trabalho também dá suporte à teoria de que o que reconhecemos é influenciado mais por experiências passadas do que pelo estímulo sensorial que chega aos olhos," acrescentou He.

Segundo a neurocientista, esse conceito se torna mais importante à medida que aumentam as evidências de que as alucinações sofridas por pacientes com transtorno de estresse pós-traumático ou esquizofrenia ocorrem quando as representações de imagens do passado armazenadas na memória superam o que esses pacientes estão observando no momento.

Memória mais importante que o olho?

Conforme os voluntários viam imagens nítidas e, a seguir, borradas, dos mesmos objetos, os pesquisadores tiravam "fotos" de seus cérebros a cada dois segundos usando ressonância magnética funcional (fMRI), uma tecnologia de imageamento que detecta o aumento do fluxo sanguíneo nas diversas partes do cérebro que acontece quando os neurônios são ativados durante uma tarefa específica.

Depois de ver a versão clara de cada imagem, os participantes tinham mais do que o dobro de probabilidade de reconhecer o que estavam vendo quando lhes era mostrada a versão obscura - eles foram "forçados" a usar uma representação armazenada das imagens nítidas para melhor reconhecer as versões borradas relacionadas.

Surpreendentemente, a mudança da representação neural induzida pela imagem nítida em direção à imagem perceptiva anterior foi muito mais pronunciada nas regiões do cérebro com funções mais complexas do que nas redes de processamento visual simples. Isso sugere que as percepções visuais são mais influenciadas pela lembrança do que as pessoas viram antes do que pelo objeto específico que estão olhando no momento.

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