01/04/2016

O que é exatamente dor?

Redação do Diário da Saúde
O que é dor?
O seu cérebro irá processar o evento da mesma maneira, esteja a faca afetando o seu dedo ou o dedo de outra pessoa.
[Imagem: Kai Weinsziehr/MPG]

Emoções científicas

Não espere boas "definições científicas" quando se trata de emoções.

Talvez o próprio jeito científico de analisar as coisas não permita captar a multiplicidade de impressões e sensações que se misturam, de forma muito individualizada, para finalmente resultar nesse amálgama que finalmente chega à nossa consciência.

Mesmo esse "amálgama" recebe nomes diferentes: sensação, sentimento ou emoção?

Veja o caso da dor: bata o martelo no dedo e você terá uma experiência direta de dor.

Mas será que é só isso mesmo?

Se você ver alguém acidentalmente atingindo fortemente seu dedo com um martelo você também fará uma careta, ou dará um grito, ou terá um sobressalto, e até mesmo gritará "Ai".

Em ambas as situações, o que sentimos é realmente dor?

Definição de dor

Pesquisadores do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas em Leipzig (Alemanha) se juntaram a colegas de várias outras instituições para tentar elucidar exatamente essa questão da dor.

E os resultados são tão desafiadores que eles estão propondo uma nova teoria do que seja a dor.

Para eles, a dor é um evento gradual e multicamada que consiste em componentes específicos, como a sensação direta no ponto da mão onde o martelo bateu, e componentes mais gerais, incluindo uma série de emoções negativas.

Em outras palavras, a experiência que chamamos de "dor" deve ser vista como uma complexa interação de vários elementos, onde o processo sensorial que determina onde o estímulo doloroso foi desencadeado é apenas parte do problema.

As emoções negativas envolvidas traçam seus próprios caminhos, tangenciando a empatia, que é a nossa capacidade de nos colocarmos na posição do outro. Mas não se trata daquele tipo de empatia que depende de ponderações e raciocínios demorados: tudo ocorre no cérebro no exato momento em que o martelo atinge o dedo - seja lá de quem for o dedo.

Dor como emoção

A equipe se baseou em experimentos que demonstraram que, durante experiências dolorosas, são ativadas as regiões do cérebro chamadas ínsula anterior e córtex cingulado - mas, surpreendentemente, elas são ativadas exatamente da mesma maneira que ocorre durante outras experiências negativas, tais como a aversão ou a indignação.

A ativação também é similar, mas não igual, se a pessoa está sentindo a dor diretamente (o martelo bateu no seu dedo) ou de forma empática (o martelo bateu no dedo do seu amigo).

Graças ao fato de que os nossos cérebros lidam com esses componentes de forma paralela, podemos processar várias experiências desagradáveis de forma rápida e eficiente. Ao mesmo tempo, no entanto, somos capazes de registrar informações adicionais rapidamente, para que possamos saber exatamente que tipo de evento desagradável ocorreu - e se isso nos afeta direta ou indiretamente.

"O fato de que o nosso cérebro processa a dor e outros eventos desagradáveis simultaneamente em sua maior parte, não importando se eles são experimentados por nós ou por outra pessoa, é muito importante para as interações sociais porque nos ajuda a compreender o que os outros estão enfrentando," disse a professora Anita Tusche, membro da equipe.

A nova teoria sobre a dor foi publicada na revista Trends in Cognitive Sciences.

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