24/01/2022

Por que algumas decisões parecem certas e outras não?

Redação do Diário da Saúde

Analisando as próprias decisões

Você quer comprar um carro usado e encontra um modelo bem conservado com um bom preço - você não pode perder a oportunidade.

Mas se decidir por levar um doce de aparência deliciosa no supermercado nos deixa cheios de dúvidas. Deve estar delicioso e não é caro, mas você resolveu ter uma dieta mais saudável este ano, então não seria melhor comprar uma maçã?

Todos nós já experimentamos esse sentimento uma vez ou outra: Algumas decisões intuitivamente parecem corretas, enquanto outras nos deixam com dúvidas e podem até nos levar a revisar nossa escolha inicial.

Mas de onde vem esse sentimento?

Confiança na decisão

Uma equipe de pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia e da Universidade de Zurique (Suíça) investigou essa questão sistematicamente, usando dados experimentais para desenvolver um modelo de computador que consiga prever como um indivíduo escolherá entre diferentes opções, e por que eles podem se sentir confiantes ou incertos sobre a decisão que tomaram.

"Usando nosso modelo, nós conseguimos mostrar que as decisões provavelmente parecerão corretas se investirmos um esforço significativo de atenção na ponderação das diferentes opções e, além disso, estivermos conscientes de que o fizemos," disse o pesquisador Rafael Polanía.

Em outras palavras, a capacidade de questionar e revisar decisões ruins depende de quão bem somos capazes de julgar por nós mesmos se avaliamos completamente as opções ou nos permitimos ser distraídos durante o processo de tomada de decisão.

Essa autoconsciência, que é um pré-requisito essencial para o autocontrole, é chamada de introspecção.

Introspecção

A melhor maneira de ilustrar essas conclusões é considerar um exemplo da vida cotidiana: Se adicionarmos sem pensar uma rosquinha à nossa cesta de compras, mesmo depois de expressar a intenção de comer de forma mais saudável, e posteriormente percebermos que nem pensamos em alternativas mais saudáveis, deveremos ter pouca confiança em nossa decisão e revisá-la.

Se, por outro lado, estivermos conscientes de ter considerado cuidadosamente uma série de produtos mais saudáveis, mas depois decidimos contra eles porque simplesmente queríamos a rosquinha mais do que uma maçã ou uma pera, devemos ter confiança em nossa decisão.

De acordo com os autores do estudo, a capacidade de questionar decisões ruins e ter confiança nas boas depende em grande parte de quão consciente um indivíduo está de seus julgamentos de valor subjetivos e de comparações após tomar uma decisão.

É isso que os neurocientistas chamam de introspecção.

"Uma vez que tomamos uma decisão, podemos duvidar de seu valor e revisá-la apenas se estivermos realmente conscientes do fato de que não prestamos atenção suficiente na comparação das opções," disse Polanía.

Essa capacidade de introspecção também é uma parte crucial da nossa capacidade de exercer autocontrole. Sem ele, estaríamos muito mais propensos a agir de acordo com nossas preferências por, digamos, alimentos não saudáveis, sem questioná-las.

A boa notícia é que podemos treinar essa habilidade por meio de exercícios de atenção plena e meditação.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Sources of confidence in value-based choice
Autores: Jeroen Brus, Helena Aebersold, Marcus Grueschow, Rafael Polania
Publicação: Nature Communications
Vol.: 12, Article number: 7337
DOI: 10.1038/s41467-021-27618-5
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