Número de Dunbar
No início da disseminação das redes sociais, um cientista ganhou fama mundial ao prever que cada pessoa só conseguiria administrar 150 amigos.
Essa hipótese, conhecida como "número de Dunbar", propõe que a arquitetura do cérebro humano teria um limite cognitivo que impediria manter um número maior de relacionamentos em nossas vidas sociais.
Pesquisadores da Universidade de Estocolmo (Suécia) resolveram revisitar o tema e descobriram um erro chave na proposta do professor Robin Dunbar.
Segundo Patrik Lindenfors e seus colegas, um limite cognitivo para a sociabilidade dos seres humanos simplesmente não pode ser derivado da maneira que Dunbar fez.
O número 150 é baseado em uma extrapolação da correlação entre o tamanho relativo do neocórtex cerebral e os tamanhos dos grupos em primatas não-humanos. Alguns estudos empíricos encontraram suporte para esse número, mas outros relataram outros tamanhos de grupos largamente conflitantes.
"A base teórica do número de Dunbar é duvidosa. Os cérebros de outros primatas não lidam com informações exatamente como os cérebros humanos, e a sociabilidade dos primatas é explicada principalmente por outros fatores além do cérebro, como o que comem e quem são seus predadores. Além disso, os humanos têm uma grande variação no tamanho de suas redes sociais," explicou Lindenfors.
Sem limites de amigos
Quando os pesquisadores suecos repetiram as análises de Dunbar usando métodos estatísticos modernos e dados atualizados sobre os cérebros dos primatas, os resultados foram, simultaneamente, muito maiores e muito menores do que 150.
O tamanho máximo médio dos grupos de primatas costuma ser inferior a 150 indivíduos, mas o principal problema é que, quando a matemática é aplicada aos seres humanos, os intervalos de confiança para essas estimativas ficam entre 2 e 520 pessoas.
"Não é possível fazer uma estimativa para humanos com precisão usando os métodos e dados disponíveis," ressaltou o professor Andreas Wartel, coautor do estudo.
"A cultura afeta tudo, desde o tamanho das redes sociais até se podemos jogar xadrez ou se gostamos de fazer caminhadas. Assim como alguém pode aprender a lembrar um número enorme de decimais no número pi, nosso cérebro pode ser treinado para ter mais contatos sociais," acrescentou seu colega Johan Lind.
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