23/08/2021

Somos mais indulgentes quando parentes e amigos se comportam mal

Redação do Diário da Saúde
Somos mais indulgentes quando parentes e amigos se comportam mal
Outros estudos já haviam mostrado que não somos bons em julgar o comportamento dos nossos amigos.
[Imagem: Mabel Amber/Pixabay]

Julgamentos parciais

Quando as pessoas se comportam mal ou de forma antiética, seus entes queridos acabam julgando-as com menos severidade do que julgariam um estranho que tivesse cometido as mesmas transgressões.

Isso não parece soar muito estranho, mas é uma atitude que também tem um custo: Essa clemência adicional pode vir à custa do próprio senso de autoestima do julgador.

Em outras palavras, você deixa o erro dos seus parentes e amigos para lá, mas irá sofrer com isso.

"Como reagimos quando nossos parceiros românticos, amigos ou familiares se comportam de forma antiética? Pesquisas anteriores nos dizem muito sobre como respondemos ao comportamento antiético de um estranho, mas muito pouco sobre como reagimos quando o perpetrador é alguém com quem nos importamos profundamente.

"Quando alguém próximo a nós se comporta de forma antiética, enfrentamos um conflito entre defender nossos valores morais e manter nosso relacionamento. Conduzimos esta pesquisa para compreender melhor esse conflito," contou a professora Rachel Forbes, da Universidade de Toronto (Canadá).

As descobertas são importantes porque, na vida cotidiana, os comportamentos antiéticos costumam estar associados a laços sociais.

"Identificar que os observadores são mais tolerantes com as pessoas próximas que transgridem levanta preocupações mais profundas sobre como as normas morais são policiadas por indivíduos nessas situações. Isso pode permitir que as pessoas ignorem e/ou deixem de denunciar as transgressões cometidas por outras pessoas próximas, o que representa um perigo para a manutenção das normas morais na sociedade," disse a pesquisadora Jennifer Stellar.

Parcialidade e vergonha

Trabalhando com mais de 1.100 participantes, os pesquisadores realizaram uma série de quatro experimentos envolvendo parceiros românticos, amigos íntimos e desconhecidos, todos cometendo atos antiéticos ou imorais em diversas situações. Os participantes também responderam a perguntas sobre como se sentiam sobre si mesmos, incluindo quaisquer emoções negativas que experimentavam e seu próprio senso de moralidade.

Em todos os experimentos, os pesquisadores constataram que os voluntários sentiram menos raiva, desprezo e repulsa pelos familiares e amigos próximos que se comportaram mal, em comparação com os estranhos. Eles também os classificaram como mais morais e queriam puni-los ou criticá-los menos do que quando se tratava de estranhos.

No entanto, os participantes também sentiram mais vergonha, culpa e constrangimento e relataram avaliações um pouco mais negativas de sua própria moralidade quando alguém próximo a eles cometeu uma violação moral ou ética e eles não o censuraram.

"Em uma ampla gama de métodos, com amostras de alunos e online, nossos resultados sugerem que ter um relacionamento próximo com o transgressor afeta fortemente as respostas ao seu mau comportamento, apoiando o apelo para que os fatores sócio-relacionais sejam mais fortemente incorporados em modelos de julgamento moral," disse Forbes.

Checagem com artigo científico:

Artigo: When the Ones We Love Misbehave: Exploring Moral Processes within Intimate Bonds
Autores: R. C. Forbes, J. E. Stellar
Publicação: Journal of Personality and Social Psychology
DOI: 10.1037/pspa0000272
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