Como prever a volta do câncer?
Pesquisadores espanhóis desenvolveram um teste para monitorar a resposta ao tratamento em pacientes com tumores sólidos - em vez das biópsias invasivas, tudo é feito a partir de uma simples amostra de sangue.
Este avanço pode significar uma mudança de paradigma no pós-tratamento e no monitoramento de pacientes que tiveram câncer, em busca de sinais de recidiva, recorrência ou reincidência.
Por exemplo, embora muitas pacientes com câncer da mama HR+ (o subtipo mais comum entre as mulheres) respondam inicialmente bem à terapia, até 40% delas sofrem recidivas ao longo do tempo.
Os pesquisadores então desenvolveram uma nova tecnologia baseada na análise do DNA tumoral circulante, um tipo de DNA derivado do tumor que acaba se espalhando pelo sangue, embora inicialmente em níveis hoje tidos como indetectáveis. A nova técnica permitiu prever o aparecimento da recidiva clínica mais de 5 anos antes (68 meses) de se manifestarem sintomas detectáveis pelos métodos tradicionais.
"O nosso objetivo não é diagnosticar o câncer, mas fornecer aos médicos uma ferramenta eficaz para acompanhar a evolução da doença após o tratamento," disse o professor Joaquín Martínez-López, da Universidade Carlos III de Madrid. "As ferramentas de diagnóstico atuais têm limitações de sensibilidade, o que dificulta a detecção precoce dessas recidivas. Todavia, graças à tecnologia de sequenciação de DNA NGS (next generation sequencing), podemos detectar uma célula tumoral em um milhão de células saudáveis a partir de uma simples amostra de sangue."
Outros cânceres
O potencial da inovação vai além do câncer da mama, uma vez que a tecnologia é aplicável a qualquer tipo de tumor sólido.
Com vista a esse aproveitamento, a equipe já está trabalhando para obter as aprovações regulamentares necessárias, tanto na Europa como nos Estados Unidos, com o objetivo de tornar a ferramenta acessível em hospitais de todo o mundo.
"Começamos com cânceres hematológicos, como o mieloma múltiplo e a leucemia mieloide aguda, mas já estamos vendo bons resultados também nos cânceres de pulmão, pelo que o nosso objetivo é transformar o monitoramento do câncer. Atualmente, detectamos uma célula em um milhão. No futuro, será uma em dez milhões," disse a pesquisadora Marina Planas.
A equipe já fundou uma empresa para comercializar a tecnologia, chamada Altum Sequencing.
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