Efeitos da nicotina no cérebro
Dados pré-clínicos sugerem que a inativação de uma subclasse de receptores nicotínicos pode ser uma estratégia eficaz para ajudar os fumantes a parar de fumar sem sofrerem de ansiedade.
De posse das novas informações, os cientistas poderão se dedicar ao desenvolvimento de novas terapias para ajudar os fumantes a deixar o vício.
Fumantes usam o cigarro por muitas razões, mas muitos deles relatam que fumam para aliviar a ansiedade, apesar dos danos para a saúde.
Há muito se procura compreender os caminhos neuroquímicos expliquem esse alívio e que, em última instância, induzem as pessoas a continuar fumando.
Receptores de nicotina
Os cientistas observaram que doses baixas de nicotina e de um bloqueador do receptor nicotínico tiveram efeitos semelhantes para reduzir comportamentos similares à ansiedade em um modelo animal.
Eles verificaram que a inativação da subunidade beta2, uma subclasse específica de receptores de nicotina - que "capturam" a nicotina - parece reduzir a ansiedade.
Isto é diferente do mecanismo que regula a recompensa da nicotina - o "prazer de fumar" - e provavelmente ocorre em uma área diferente do cérebro, embora a região não tenha sido identificada neste estudo.
"Este trabalho é único porque sugere que a nicotina pode estar agindo através da inativação, e não da ativação, dos receptores nicotínicos de alta afinidade," disse Darlene Brunzell, da Universidade da Virgínia (EUA), coautora do estudo, publicado na revista PLoS ONE.
"A nicotina atua como uma chave que destrava os receptores de nicotina no cérebro. Normalmente essa chave abre o receptor, mas em outros momentos a nicotina é como uma chave que quebrou dentro da fechadura.
"Nossas descobertas sugerem que baixas doses de nicotina podem bloquear a abertura de um subtipo específico de receptor que é importante para a regulação do comportamento de ansiedade," disse ela, acrescentando que a ansiedade é um dos principais motivos para as recaídas das pessoas que tendem deixar o vício.
Alívio da ansiedade
Brunzell e seus colegas estão conduzindo novos que, esperam eles, ajudarão a identificar quais áreas do cérebro regulam os efeitos ansiolíticos da nicotina.
Usando estratégias genéticas, eles estão tentando determinar a estrutura molecular dos receptores nicotínicos que regulam a ansiedade.
De acordo com Brunzell, de um ponto de vista terapêutico é importante descobrir se bloquear a subunidade beta2, que contém receptores nicotínicos, alivia a ansiedade nos fumantes.
"Entender quais outras subunidades se combinam com a beta2 para formar os receptores críticos que regulam a ansiedade pode levar ao desenvolvimento de terapias seletivas e com menos efeitos colaterais," disse ela.
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