Descoberto antibiótico que não gera resistência nas bactérias

Estrutura molecular do novo antibiótico.
[Imagem: Esra Malkawi et al. - 10.1021/acs.jmedchem.5c01193]

Antibiótico antirresistência

Uma nova classe inovadora de antibióticos demonstrou atividade potente contra algumas das bactérias multirresistentes mais perigosas do mundo.

A descoberta marca um grande avanço na luta global contra a resistência antimicrobiana, uma crise de saúde reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das 10 maiores ameaças à humanidade, responsável por quase 5 milhões de mortes todos os anos.

O novo antibiótico, batizado de novltex, demonstrou atividade potente e de ação rápida contra a Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) e a Enterococcus faecium, que estão na lista de "patógenos prioritários" da OMS.

Ao contrário dos antibióticos tradicionais, o novltex atua no lipídio II, um componente essencial da parede celular bacteriana que não sofre mutação. Isso significa que o antibiótico oferece proteção duradoura contra o desenvolvimento da resistência bacteriana.

A potência e a rapidez de ação significam que o antibiótico pode funcionar em doses muito baixas, superando vários antibióticos do mercado, como vancomicina, daptomicina, linezolida, levofloxacino e cefotaxima.

"Ao criar uma plataforma modular e escalável, que tem como alvo uma estrutura bacteriana imutável, demos um passo importante rumo a antibióticos que permanecem eficazes contra superbactérias como a MRSA. Este trabalho só foi possível graças à colaboração internacional, porque a resistência antimicrobiana é um problema verdadeiramente global. Embora ainda sejam necessários muitos mais testes antes que o novltex chegue aos pacientes, nossos resultados mostram que soluções duráveis e práticas para a resistência microbiana estão ao nosso alcance," disse o professor Ishwar Singh, da Universidade de Liverpool (Reino Unido).

Os próximos passos incluem testar o antibiótico em modelos animais de infecção, para confirmar sua segurança e eficácia, e estudar a farmacocinética em sistemas vivos. Só depois poderão começar os ensaios clínicos em humanos.