A hipnoterapia tem lutado para ser aceita na academia desde que Franz Mesmer, no século 18, anunciou que poderia curar toda sorte de males com o que ele chamou de "magnetismo animal".
"O campo todo tem sido atormentado por pessoas que não sentem que as pesquisas são necessárias," afirma Peter Whorwell, da Universidade de Manchester (Reino Unido).
Whorwell passou grande parte de sua vida profissional construindo um corpo de evidências científicas para o uso da hipnose para tratar apenas uma condição: a síndrome do intestino irritável.
A síndrome do intestino irritável é considerada um transtorno "funcional", um termo bastante pejorativo, usado quando um paciente sofre sintomas mas os médicos não conseguem ver nada de errado.
Whorwell sentiu que seus pacientes, alguns dos quais tinham sintomas tão severos que tinham pensamentos suicidas, estavam decepcionados com a profissão médica: "Eu parti para a hipnose porque o tratamento convencional destas condições é lastimável."
Ele agora dá aos seus pacientes uma breve lição sobre como funciona o intestino, em seguida faz com que usem as sensações visuais ou táteis - a sensação de calor, por exemplo - para imaginar o seu intestino funcionando normalmente.
E funciona - a síndrome do intestino irritável é a única condição para a qual a hipnose é recomendada pelo Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica do Reino Unido.
Apesar disso, Whorwell ainda tem dificuldades em convencer os médicos a prescrever a hipnoterapia, que já é largamente usada também para tratar crianças que fazem xixi na cama e até em partos.
"Nós produzimos um monte de pesquisas incontestáveis," diz ele. "No entanto, as pessoas [médicos e cientistas] ainda estão relutantes em concordar com elas."
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Como a hipnose funciona
Parte do problema é que não está claro exatamente como a hipnose funciona. O que está claro é que, quando hipnotizadas, as pessoas podem influenciar partes do seu corpo.
Whorwell demonstrou que, sob hipnose, alguns pacientes com síndrome do intestino irritável podem reduzir as contrações de seu intestino, algo que normalmente não opera sob controle consciente (Journal of Psychosomatic Research, vol. 64, p. 621). O revestimento do intestino desses pacientes também torna-se menos sensível à dor.
A hipnose provavelmente opera em caminhos fisiológicos semelhantes aos envolvidos no efeito placebo, suspeita Irving Kirsch, da Universidade de Hull (Reino Unido). Por um lado, as condições médicas que os dois podem beneficiar são semelhantes, e ambos são sustentados pela sugestão e pela expectativa - acreditar em um resultado específico.
A desvantagem é que algumas pessoas não respondem tão fortemente à hipnose quanto outras.
A maioria dos ensaios clínicos que envolveram a hipnose são pequenos, em grande parte devido à falta de financiamento, mas sugerem que a hipnose pode ajudar a lidar com a dor, ansiedade, depressão, distúrbios do sono, obesidade, asma e doenças da pele como psoríase e verrugas (Papeles des Psicólogo, vol. 30, p. 98).
Encontrar um bom hipnoterapeuta também pode ser complicado, já que a profissão não é regulamentada, mas se auto-hipnotizar parece funcionar igualmente bem. "A auto-hipnose é a parte mais importante," disse Whorwell.
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