Câncer Cervical será o primeiro câncer a ser erradicado do mundo, dizem cientistas

Câncer do colo do útero

O câncer cervical, também conhecido como câncer do colo do útero, será o primeiro câncer humano a ser eliminado por meio de uma ação global coordenada, dizem cientistas.

Ocupando um número inteiro da revista científica Cancer Biology & Medicine, especialistas renomados de todo o mundo se juntaram para examinar os avanços, desafios e inovações na prevenção, rastreamento e tratamento do câncer de colo do útero. Os artigos destacam desde diretrizes políticas e dados epidemiológicos até ferramentas de saúde digital e vacinas terapêuticas, um esforço declarado para apoiar as metas da Organização Mundial da Saúde para a eliminação do câncer de colo do útero até 2030 e promover a equidade em saúde da mulher em todo o mundo.

O câncer cervical, também conhecido como câncer do colo do útero, é uma doença que se desenvolve na cérvix, a parte inferior do útero, que se conecta à vagina. A característica mais importante deste câncer é que ele geralmente leva muitos anos para se desenvolver, a partir de alterações celulares causadas, na maioria esmagadora dos casos, por uma infecção persistente. Embora a causalidade ainda seja controversa, 99% dos casos de câncer cervical estão associados à infecção por alguns tipos do papilomavírus humano (HPV), um vírus comum transmitido sexualmente.

Apesar de ser altamente evitável por meio da vacinação e da detecção precoce, a doença continua sendo o quarto câncer mais comum entre as mulheres. Todos os anos, mais de 340 mil mulheres morrem de câncer de colo do útero, sendo a maioria dessas mortes em países de baixa e média renda.

Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a "Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer do Colo do Útero", estabelecendo metas ambiciosas chamadas "90-70-90", percentuais para vacinação, rastreamento e tratamento até 2030. No entanto, grandes desigualdades em recursos de saúde, infraestrutura e capacidade de implementação ameaçam o cumprimento dessas metas. Enfrentar esses desafios exige não apenas avanços científicos, mas também forte alinhamento de políticas e cooperação internacional.

Extinção de um câncer

A coletânea de artigos publicada agora reúne contribuições que abrangem perspectivas globais, análise de políticas, epidemiologia, inovação digital, avaliação econômica e novas terapias.

Merecem destaque estudos que demonstram avanços tecnológicos e clínicos, como a primeira avaliação internacional de uma ferramenta bilíngue de educação em colposcopia digital (iDECO), que melhora significativamente a precisão diagnóstica, e o desenvolvimento de uma vacina terapêutica de proteína multi-epítopo direcionada ao HPV16 que demonstra forte regressão tumoral em modelos pré-clínicos.

As equipes também apresentam pesquisas sobre a disposição para a vacinação contra o HPV, algoritmos de triagem testados em zonas rurais na China, plataformas digitais inteligentes para rastreamento populacional e o impacto econômico de programas governamentais.

Em conjunto, os artigos oferecem uma visão abrangente das inovações científicas, clínicas e políticas que impulsionam a eliminação global do câncer do colo do útero, levando os cientistas à conclusão otimista de que o câncer cervical pode de fato ser eliminado até 2030.

"O câncer do colo do útero é a única neoplasia maligna que podemos eliminar de forma realista por meio da vacinação, do rastreamento e do tratamento precoce," disse o professor Youlin Qiao, coordenador da coletânea. "Esta edição especial demonstra o conhecimento coletivo e a inovação necessários para atingir esse objetivo. Ao combinar ciência, políticas públicas e equidade, podemos garantir que nenhuma mulher seja deixada para trás na luta global para eliminar o câncer do colo do útero."