05/05/2023

Generosidade universal: Atos de bondade acontecem o tempo todo

Redação do Diário da Saúde
Pequenos atos de bondade são frequentes e universais
Os pesquisadores não entrevistaram as pessoas, eles viram dezenas de horas de vídeo das pessoas interagindo naturalmente, detectando todos os mais sutis pedidos de ajuda.
[Imagem: John Hain/Pixabay]

Generosidade universal

É comum que você peça ajuda a outras pessoas e que outras pessoas lhe peçam ajuda. Mas você diria que isso chega a acontecer a cada dois minutos?

Esta é a constatação feita por uma equipe internacional de pesquisadores que entrevistaram pessoas em zonas rurais e urbanas na Alemanha, Austrália, Equador, EUA, Países Baixos e Reino Unido.

Mas a principal conclusão é que é muito mais comum que as pessoas atendam a esses pequenos pedidos de ajuda do que os recusem.

Em todas as culturas, as pessoas atendem a esses pequenos pedidos de ajuda - "Você pode me passar a colher?", por exemplo. E, nas raras ocasiões em que as pessoas recusam, elas explicam o porquê.

Essa tendência humana - ajudar os outros quando necessário e explicar quando essa ajuda não pode ser dada - transcende as diferenças culturais, sugerindo que, no fundo, pessoas de todas as culturas têm comportamentos cooperativos mais semelhantes do que pesquisas anteriores indicaram.

Pequenos atos de bondade são frequentes e universais
Outras pesquisas já concluíram que somos programados para fazer o bem, independentemente da motivação.
[Imagem: Domínio Público/Pixabay]

Cooperação versus interesse

Os amplos resultados desta nova pesquisa ajudam a resolver um quebra-cabeça gerado por pesquisas antropológicas e econômicas anteriores, que enfatizaram a variação nas regras e nas normas que regem a cooperação.

Por exemplo, enquanto os caçadores de baleias de Lamalera, na Indonésia, seguem regras estabelecidas sobre como dividir uma grande captura, os forrageadores hadza da Tanzânia compartilham mais sua comida por medo de gerar fofocas negativas. No Quênia, espera-se que os aldeões mais ricos de Orma paguem por bens públicos, como projetos de estradas. Aldeões ricos Gnau, de Papua Nova Guiné, por outro lado, rejeitariam tal oferta porque ela cria uma estranha obrigação de compartilhar com seus vizinhos mais pobres.

"Diferenças culturais como essas criaram um quebra-cabeça para entender a cooperação e a ajuda entre os humanos," disse Giovanni Rossi, da Universidade da Califórnia de Los Angeles. "Nossas decisões sobre compartilhar e ajudar são moldadas pela cultura com a qual crescemos? Ou os humanos são generosos e bondosos por natureza?"

Parece ser este o caso: Em todas as culturas tão diferentes pesquisadas pela equipe, as pessoas atenderam a pequenos pedidos sete vezes mais do que recusaram e seis vezes mais do que os ignoraram. As pessoas às vezes rejeitavam ou ignoravam pequenos pedidos, mas com muito menos frequência do que acatavam. As taxas médias de rejeição (10%) e de não prestar atenção ao pedido (11%) foram muito inferiores à taxa média de atendimento à solicitação (79%).

Pequenos atos de bondade são frequentes e universais
Várias regras morais parecem valer em todas as culturas.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Ajudar sem pedir explicação

Um destaque da pesquisa é que as pessoas ajudaram sem explicação, mas quando recusaram, em 74% das vezes deram um motivo explícito. Isso sugere que, embora as pessoas se recusem a ajudar apenas por um bom motivo, elas ajudam incondicionalmente, sem precisar explicar por que estão fazendo isso.

Isso indica que a generosidade - ser útil aos outros - é um reflexo arraigado na espécie humana.

"Embora a variação cultural entre em jogo em ocasiões especiais e trocas de alto custo, quando ampliamos o nível micro da interação social, a diferença cultural quase desaparece, e a tendência da nossa espécie de ajudar quando necessário torna-se universalmente visível," concluiu Rossi.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Shared cross-cultural principles underlie human prosocial behavior at the smallest scale
Autores: Giovanni Rossi, Mark Dingemanse, Simeon Floyd, Julija Baranova, Joe Blythe, Kobin H. Kendrick, Jorg Zinken, N. J. Enfield
Publicação: Nature Scientific Reports
Vol.: 13, Article number: 6057
DOI: 10.1038/s41598-023-30580-5
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