11/02/2020

Radiação usada em exames médicos causa mutações em células

Redação do Diário da Saúde
Radiação usada em exames médicos causa mutações em células
Tem havido também grande preocupação com o aumento no risco do câncer de mama por mamografias feitas em excesso.
[Imagem: University of Twente]

Perigo da radiação de exames

Os cientistas sabem há muito tempo que expor células a altas doses de radiação ionizante gera mutações ao criar quebras na fita dupla que deixam entrar segmentos externos de DNA.

Esses fragmentos estranhos de DNA podem ocorrer no núcleo, remanescentes de processos naturais, como reparo do DNA genômico, mas também por infecções virais.

O que os pesquisadores queriam saber agora é se as baixas doses de radiação usadas nos exames médicos de imagem teriam também algum efeito colateral prejudicial.

O que surpreendeu é que uma dose baixa de radiação pode ser pior do que uma dose alta.

Quando a equipe contou as células que captaram DNA estranho, descobriram que doses baixas de radiação, na faixa usada em procedimentos diagnósticos comuns, criam mutações através da inserção de DNA de maneira ainda mais eficiente do que as doses muito maiores estudadas anteriormente.

"A maioria das pesquisas radiobiológicas moleculares está focada em altas doses de radiação ionizante relevantes para o tratamento do câncer, enquanto os efeitos de doses fisiologicamente relevantes de radiação sobre a célula são notoriamente difíceis de serem estudados no nível molecular.

"Nossa descoberta de que a inserção mutagênica de DNA estranho no genoma da célula é notavelmente sensível às doses encontradas durante os procedimentos diagnósticos, e não terapêuticos, fornece uma nova ferramenta simples e sensível para estudar suas consequências e revelou detalhes genéticos moleculares surpreendentes de como as células lidam com quantidades naturais de dano ao DNA," disse o professor Roland Kanaar, da Universidade Erasmus de Roterdã (Alemanha).

Mais pesquisas são necessárias

Embora os novos resultados em culturas de células sejam potencialmente preocupantes, os autores do estudo enfatizam que a tradução dos efeitos da radiação usada em exames, das células em cultura para efeitos no corpo, ainda é prematura.

Será necessário primeiro realizar experimentos usando modelos animais para determinar todos os efeitos da radiação em baixas doses, e se o seu uso em imagens médicas tem impacto na saúde do paciente.

Se o mesmo fenômeno ocorrer dentro do corpo, os médicos talvez precisem levar em consideração os níveis de DNA estranho, tais como os resultantes de uma infecção viral de longo prazo, ao avaliar o risco de um paciente se submeter a um exame que requer radiação.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Low dose ionizing radiation strongly stimulates insertional mutagenesis in a λH2AX dependent manner
Autores: Alex N. Zelensky, Mascha Schoonakker, Inger Brandsma, Marcel Tijsterman, Dik C. van Gent, Jeroen Essers, Roland Kanaar
Publicação: PLOS Genetics
Vol.: 16 (1): e1008550
DOI: 10.1371/journal.pgen.1008550
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