09/12/2025

O que você vê muda conforme o que você sente

Redação do Diário da Saúde
O que você vê muda conforme o que você sente
São informações totalmente novas sobre o processamento visual no cérebro.
[Imagem: Sofie Ahrlund-Richter et al. - 10.1016/j.neuron.2025.10.037]

Você vê como se sente

O que nossos olhos veem é fortemente influenciado pelo nosso nível de alerta ou atividade. Ou, dito de outro modo, a visão é constantemente moldada pelo nosso estado interno.

A descoberta surpreendente, que muda a forma como encaramos nosso sentido da visão, mostra que partes do cérebro responsáveis pelo planejamento e pelo controle enviam sinais específicos que amplificam ou atenuam os detalhes visuais captados por nossos olhos. Essas áreas parecem se equilibrar, realçando informações importantes e reduzindo distrações.

Há algum tempo os cientistas propõem que o córtex pré-frontal pode orientar a atividade de áreas mais posteriores do cérebro. Embora as evidências anatômicas venham dando suporte a essa ideia, Sofie Richter e colegas do MIT (EUA) queriam descobrir se o córtex pré-frontal envia um único tipo de sinal ou se, em vez disso, elabora mensagens distintas para diferentes regiões-alvo.

E os experimentos, feitos em camundongos, comprovaram que o córtex pré-frontal, principal centro de controle executivo, envia sinais específicos para regiões envolvidas na visão e no movimento. Esses sinais ajustam o funcionamento dessas regiões dependendo de fatores como o nível de alerta do camundongo e se ele está se movimentando ativamente.

Em outras palavras, o comportamento e as "condições internas" influenciam diretamente o processamento da informação visual.

O que você vê muda conforme o que você sente
Recentemente se descobriu também que respiração e visão estão conectadas, algo que pode ser medido na pupila.
[Imagem: Martin Schaefer et al. - 10.1113/JP287205]

Conexão entre atenção e visão

A equipe identificou uma série de novas informações sobre o funcionamento do sistema visual. Duas áreas no córtex pré-frontal, o córtex orbitofrontal (ORB) e a área do cíngulo anterior (ACA), retransmitem informações sobre excitação e movimento para outras duas regiões: O córtex visual primário (VISp) e o córtex motor primário (MOp).

Essas mensagens parecem ter efeitos únicos. Por exemplo, níveis mais altos de excitação aumentam a tendência da ACA de ajudar o VISp a aprimorar suas representações visuais. O ORB, no entanto, torna-se influente apenas quando a excitação é muito alta, e seu envolvimento parece diminuir a clareza da codificação visual.

De acordo com Richter, a ACA pode ajudar o cérebro a se concentrar em detalhes visuais potencialmente significativos à medida que a excitação aumenta, enquanto o ORB pode atuar para reduzir a atenção a estímulos que distraem ou são excessivamente intensos. "Essas duas sub-regiões do córtex pré-frontal se equilibram. Enquanto uma amplifica estímulos que podem ser mais incertos ou mais difíceis de detectar, a outra atenua estímulos intensos que podem ser irrelevantes," explicou o pesquisador.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Distinct roles of prefrontal subregion feedback to the primary visual cortex across behavioral states
Autores: Sofie Ahrlund-Richter, Yuma Osako, Kyle R. Jenks, Emma Odom, Haoyang Huang, Don B. Arnold, Mriganka Sur
Publicação: Neuron
DOI: 10.1016/j.neuron.2025.10.037
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