Vacina pelo fio dental começa a ser testada

Logo, logo, seu fio dental irá lhe informar até mesmo seu nível de estresse.
[Imagem: Gerado por IA]

Vacina pelo fio dental

Se garantir sua saúde bucal e reduzir em até 44% o risco de ter um AVC não fossem razões suficientes para você usar o fio dental, aqui vai mais uma: Garantir suas doses de vacina sem precisar de uma picada de agulha.

Pesquisadores desenvolveram um tipo especial de fio dental que pode levar proteínas e vírus inativos para a gengiva, desencadeando respostas imunológicas que protegem contra doenças infecciosas. Em outras palavras, o fio dental lhe aplica uma vacina.

Os cientistas sempre sonharam em substituir as injeções por aplicações de vacinas nas áreas macias e úmidas da boca e do nariz, mas as tentativas vinham falhando porque o corpo humano cuida muito bem dessas regiões, para nos defender de patógenos e outras ameaças - e esses mecanismos de defesa acabam destruindo a vacina antes que ela faça efeito.

Rohan Ingrole e colegas da Universidade do Estado da Carolina do Norte (EUA) conseguiram vencer essas defesas usando um fio dental para focar diretamente nos sulcos gengivais, as bolsas de gengiva entre as laterais dos dentes, que conseguem absorver moléculas extremamente bem.

Em um primeiro teste, a equipe descobriu que, após usar um fio dental revestido com uma proteína marcada por fluorescência, 75% da proteína foi entregue com sucesso às gengivas de camundongos. E mesmo dois meses após o uso do fio dental, os animais apresentaram níveis elevados de anticorpos nos pulmões, nariz, fezes e baço, sugerindo uma resposta imunológica robusta à proteína.

Teste da vacina em humanos

Com o sucesso do primeiro teste, a equipe passou então a inserir componentes da vacina contra a gripe no fio dental. Todos os animais que receberam três doses de vacina via fio dental sobreviveram, enquanto todos os demais não vacinados morreram.

Os animais vacinados também apresentaram uma resposta imunológica mais sistêmica, com anticorpos contra a gripe presentes nas fezes e saliva e também apresentando mais células T - as células que controlam a resposta imunológica do corpo - nos pulmões e no baço, além de linfonodos maiores. Além disso, a equipe encontrou anticorpos contra a gripe na medula óssea dos animais, sinalizando que seus sistemas imunológicos haviam sido fortemente ativados pela vacinação com o vírus inativo da gripe.

Agora a equipe está começando os testes em humanos. A primeira parte do teste, com as proteínas fluorescentes, já foi finalizada com êxito em 27 voluntários. O próximo passo será testar a aplicação do vírus inativado.