05/11/2018

Descoberta de zika em macacos mostra que doença pode ter ciclo silvestre

Com informações da Agência Fapesp

Zika em macacos

O vírus zika foi encontrado em macacos nas cercanias de São José do Rio Preto (SP) e de Belo Horizonte (MG).

Esses macacos haviam sido mortos pelas populações locais quando se suspeitou que pudessem estar acometidos por febre amarela.

Eles não tinham febre amarela, mas uma infecção por zika, o que fez com que adoecessem e se tornassem mais vulneráveis ao ataque humano.

"A descoberta indica que existe o potencial de um ciclo silvestre para a zika no Brasil - a exemplo do que ocorre com a febre amarela. Se o ciclo silvestre for confirmado, isso muda completamente a epidemiologia da zika, porque passa a existir um reservatório natural a partir do qual o vírus pode reinfectar muito mais frequentemente a população humana," disse o professor Maurício Lacerda Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.

O vírus zika já havia sido encontrado em macacos habituados à presença humana no Ceará e agora ele foi identificado no contexto da epidemia.

"Durante a epidemia de febre amarela, percebemos que havia muitos macacos mortos - não pela febre amarela, mas pela ação das populações humanas. Quando saudáveis, esses primatas - principalmente saguis (Callithrix sp.) e micos (Sapajus sp.) - são muito difíceis de capturar. Pensamos então que, se estavam sendo mortos com facilidade, era porque poderiam estar doentes. Não com a febre amarela, que lhes é fatal, mas com alguma outra doença que, sem matar, os deixava mais fracos e vulneráveis," disse Maurício.

O vírus zika apareceu originalmente em macacos na África. Esporadicamente, saía das florestas e infectava populações humanas. Quando se propagou da África para a Ásia, o vírus passou a circular somente entre humanos. E, aparentemente, manteve essa característica quando se instalou nas Américas - o que sugeria um ciclo semelhante ao do vírus da dengue.

Mas os pesquisadores destacam que mais estudos são necessários para entender o papel que os macacos podem desempenhar na manutenção do ciclo urbano do vírus zika e como eles podem ser um canal no estabelecimento de um ciclo de transmissão na América Latina.

Se essa epidemiologia for confirmada, mais parecida com a da febre amarela, o combate à zika poderá ser muito mais árduo do que se supunha.

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