26/05/2023

A ciência da atração: Por que nos apaixonamos por certas pessoas?

Redação do Diário da Saúde
A ciência da atração: Por que nos apaixonamos por certas pessoas?
Um único comentário pode ser suficiente para nos fazer olhar para uma pessoa com outros olhos.
[Imagem: The Gender Spectrum Collection]

Guiado pela própria essência

Às vezes, os relacionamentos mais significativos da vida surgem das conexões mais sutis. Como quando você vai a uma festa e encontra alguém vestindo a camiseta da sua banda favorita, ou que ri das mesmas piadas que você, ou que come aquele lanche que você achava que só você gostasse.

Um pequeno interesse compartilhado inicia uma conversa e floresce em afeto duradouro, algo que os psicólogos chamam de "efeito de atração por similaridade": Geralmente gostamos de pessoas que são como nós.

Agora, Charles Chu e Brian Lowery, professores de psicologia da Universidade de Boston (EUA), acreditam ter descoberto ao menos um mecanismo que explica por que esse efeito emerge em nossas vidas.

Eles descobriram que um fator crucial é algo que os pesquisadores chamam de "raciocínio autoessencialista", quando as pessoas imaginam que têm um núcleo ou essência interior profundo que molda quem elas são.

Quando alguém acredita que possui uma essência que dirige seus interesses, gostos e desgostos, essa pessoa assume que as outras têm a mesma crença; assim, quando encontram alguém com um interesse correspondente, o raciocínio natural é que aquela pessoa compartilhará sua visão de mundo mais ampla.

"Se tivéssemos que criar uma imagem do nosso senso de autoidentidade, seria essa pepita, um núcleo quase mágico dentro de nós que emana e causa o que podemos ver e observar sobre as pessoas e sobre nós mesmos," descreveu Chu. "Acreditar que as pessoas têm uma essência subjacente nos permite assumir ou inferir que, quando vemos alguém que compartilha uma única característica, esse alguém também deve compartilhar toda a minha essência profundamente enraizada."

Mas funciona?

Contudo, a pesquisa também sugere que essa pressa em abraçar uma semelhança indefinível e fundamental com alguém por causa de um ou dois interesses em comum pode ser baseada em um pensamento falho - e pode restringir com quem encontramos uma conexão.

Agir com base na atração por similaridade tem um efeito repulsivo correspondente: Não gostamos daqueles que pensamos que não são como nós, muitas vezes por causa de uma pequena coisa - eles gostam daquele político, banda, livro ou programa de TV que detesto.

"Somos todos complexos demais," pondera Chu. "Mas só temos uma visão completa dos nossos próprios pensamentos e sentimentos, e as mentes dos outros costumam ser um mistério para nós. O que este trabalho sugere é que muitas vezes preenchemos os espaços em branco das mentes dos outros com nosso próprio senso de identidade, o que às vezes pode nos levar a algumas suposições injustificadas."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Self-Essentialist Reasoning Underlies the Similarity-Attraction Effect
Autores: Charles Chu, Brian S. Lowery
Publicação: Journal of Personality and Social Psychology
DOI: 10.1037/pspi0000425
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