17/05/2017

Ataques a defensores de direitos humanos atingem nível crítico

Com informações da Agência Brasil

Mortes em defesa da vida

No ano passado, 281 defensores de direitos humanos foram mortos em pelo menos 22 países. Os dados, da organização não governamental (ONG) Front Line Defenders, estão no estudo Defensores e defensoras dos direitos humanos sob ameaça - a redução do espaço para a sociedade civil, divulgado pela Anistia Internacional.

Mais de 75% das mortes ocorridas em 2016 foram no continente americano, contra 50% registradas no ano anterior. Quase metade dos mortos defendia direitos relacionados a questões ambientais e indígenas e relacionadas à terra. Somente em janeiro deste ano, 10 defensores de direitos humanos foram mortos na Colômbia.

Em 2015, foram 156 mortes. Os perigos enfrentados pelos defensores chegaram a um nível sem precedentes, avalia o documento que dá suporte à campanha global "Coragem", também lançada hoje, que pede providências contra o crescimento desse tipo de ataque.

De acordo com a pesquisadora Ariadna Tovar, a estigmatização dos defensores na América Latina e a impunidade são os principais motivos para esse recorde de violações. "Os defensores são chamados de radicais, são acusadas de manchar a imagem do país, de inventar mentiras sobre o país, o que acaba legitimando a violência contra eles", disse Ariadna, que foi uma das coordenadoras da pesquisa. "Outro fator é a falta de investigação sobre as mortes, o que favorece que haja mais ataques a defensores."

Ataques do governo e pela internet

Lideranças comunitárias, advogados e jornalistas são as principais vítimas de violência, mas a lista que engloba outros ativistas é extensa.

O documento cita o caso de uma prostituta moradora do Rio de Janeiro que denunciou assédios, estupros e extorsão policial entre outras violações contra profissionais do sexo em 2014. Semanas depois, ela foi sequestrada por quatro homens em um carro. Eles a feriram nos braços com lâmina de barbear, mostraram uma foto do filho entrando na escola e mandaram que ela parasse de falar com jornalistas e de denunciar policiais. Depois do episódio, temendo pela segurança da família, ela parou de fazer denúncias.

Em 63 países, defensores de direitos humanos sofreram campanhas difamatórias. Prisão e detenção de pessoas que reivindicam direitos pacificamente foram registradas em 68 países e em 94 nações houve ameaças ou ataques. De acordo com o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, governos também estão oprimindo ativistas.

"Líderes autoritários e populistas querem nos fazer crer que desejam o melhor para nós, mas não é assim. De fato, os que defendem os direitos humanos são os que lutam por nós - e enfrentam a perseguição por se atreverem a fazê-lo. Agora em 2017, a difícil situação dos defensores e defensoras dos direitos humanos chegou a um ponto crítico devido às medidas adotadas por Estados abusivos", acrescentou. Entre os líderes que estão "desmantelando progressivamente as bases necessárias para uma sociedade livre", Shetty cita Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China) e Abdel Fatah el-Sisi (Egito).

A Anistia Internacional destaca que, além dos modelos antigos de repressão e intimidação, as novas tecnologias também estão sendo usadas para ameaçar ativistas. "Em vários países, a internet é usada para atacar e desmoralizar defensores. Aqui no México, por exemplo, os trolls (comentários anônimos ofensivos) diariamente divulgam informações falsas sobre defensores, incluindo jornalistas", afirmou Ariadna.

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