06/04/2021

Implante de retina dará visão artificial a pessoas cegas

Redação do Diário da Saúde
Implante de retina dará visão artificial a pessoas cegas
Cada ponto no implante representa um ponto de luz que a pessoa verá.
[Imagem: Alain Herzog/EPFL]

Implante na retina

Ser capaz de fazer pessoas cegas verem novamente soa como coisa de milagres ou ficção científica, mas também tem sido encarado como um dos maiores desafios para os cientistas.

O professor Diego Ghezzi, da Escola Politécnica Federal de Lausane (Suíça), fez desta questão o foco de sua pesquisa. Desde 2015, ele e sua equipe estão desenvolvendo um implante de retina que funciona com óculos inteligentes equipados com câmera e um microcomputador.

"Nosso sistema foi projetado para dar às pessoas cegas uma forma de visão artificial, usando eletrodos para estimular as células da retina," conta o pesquisador.

A câmera embutida nos óculos captura imagens no campo de visão do usuário e envia os dados para um microcomputador colocado em uma das extremidades dos óculos. O microcomputador transforma os dados em sinais elétricos, que são transmitidos aos eletrodos no implante de retina.

Os eletrodos estimulam a retina de forma que o usuário veja uma versão simplificada em preto e branco da imagem. Essa versão simplificada é composta de pontos de luz que aparecem quando as células da retina são estimuladas. No entanto, os usuários devem aprender a interpretar os muitos pontos de luz para distinguir formas e objetos.

"É como quando você olha para as estrelas no céu noturno - você pode aprender a reconhecer constelações específicas. Pacientes cegos veriam algo semelhante em nosso sistema," explica Ghezzi.

Implante de retina dará visão artificial a pessoas cegas
Detalhe do implante de retina, com 10.498 píxeis.
[Imagem: Chenais et al. - 10.1038/s43246-021-00133-2]

Visão artificial simulada

Preparando-se finalmente para testar seu protótipo em pacientes humanos, a equipe quer primeiro ter certeza de prover os melhores resultados possíveis, evitando falsas esperanças para os pacientes, que terão que correr todos os riscos de um implante invasivo.

"Ainda não estamos autorizados a implantar nosso dispositivo em pacientes humanos, uma vez que a obtenção da aprovação médica leva muito tempo. Mas criamos um processo para testá-lo virtualmente - uma espécie de solução alternativa," conta Ghezzi.

Mais especificamente, eles desenvolveram um programa de realidade virtual que pode simular o que os pacientes veriam com os implantes, já que é muito difícil tirar conclusões de qualidade da visão em experimentos com animais.

Uma etapa importante foi verificar se 10.500 pontos de luz gerados pelos eletrodos na retina fornecem resolução boa o suficiente - e é justamente aí que o programa de realidade virtual entrou: "Nossas simulações mostraram que o número escolhido de pontos e, portanto, de eletrodos, funciona bem. O uso de mais não significa que entregaríamos quaisquer benefícios reais aos pacientes em termos de definição," contou Ghezzi.

Todos esses experimentos demonstraram que a capacidade do sistema não precisa ser melhorada mais e que ele está pronto para os testes clínicos. Agora a equipe terá que esperar um pouco mais pelos trâmites legais, para que sua tecnologia possa ser implantada em pacientes reais.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Photovoltaic retinal prosthesis restores high-resolution responses to single-pixel stimulation in blind retinas
Autores: Naïg Aurelia Ludmilla Chenais, Marta Jole Ildelfonsa Airaghi Leccardi, Diego Ghezzi
Publicação: Communications Materials
Vol.: 2, Article number: 28
DOI: 10.1038/s43246-021-00133-2
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