Tomate com medicamento contra Parkinson
Cientistas produziram um tomate enriquecido com o medicamento L-DOPA, usado contra a doença de Parkinson, mostrando o que pode se tornar uma nova fonte acessível de medicamentos essenciais.
Este novo uso dos tomateiros como fonte natural de L-DOPA também oferece benefícios para pessoas que sofrem efeitos adversos - incluindo náuseas e complicações comportamentais - da L-DOPA sintetizada quimicamente.
O tomate foi escolhido por ser uma cultura amplamente cultivada, que pode ser usada para produção em larga escala, potencialmente oferecendo uma fonte natural padronizada e controlada de L-DOPA.
O objetivo agora é criar uma linha de produção em que a L-DOPA seja extraída dos tomates e purificada para o produto farmacêutico.
"Então você poderia aumentar a escala a um custo relativamente baixo. Uma indústria local poderia preparar a L-DOPA a partir de tomates porque ela é solúvel e você pode fazer a extração. Então você poderia fazer um produto purificado de tecnologia relativamente baixa que poderia ser distribuído localmente," disse a professora Cathie Martin, do Centro John Innes (Reino Unido).
L-DOPA no tomate
Foi o pesquisador Dario Breitel quem teve a ideia de modificar o fruto do tomate introduzindo na planta um gene responsável pela síntese de L-DOPA na beterraba, onde ele atua na produção dos pigmentos betalaínas.
A L-DOPA é produzida a partir da tirosina, um aminoácido encontrado em muitos alimentos. A equipe inseriu no tomate um gene que codifica uma tirosinase, uma enzima que usa a tirosina para construir moléculas como a L-DOPA. Isso elevou o nível da substância especificamente na parte da fruta da planta e levou a rendimentos mais elevados do que aqueles associados à produção de L-DOPA em toda a planta.
Os níveis alcançados no fruto do tomate - 150 mg de L-DOPA por kg de tomate - foram comparáveis aos observados em outras plantas que acumulam L-DOPA, mas sem algumas das desvantagens conhecidas que impediram a produção metabólica da droga anteriormente.
L-DOPA
A L-DOPA é um aminoácido precursor da dopamina neuroquímica, sendo usada para compensar o suprimento de dopamina em pacientes com doença de Parkinson.
Também conhecida como levodopa, a L-DOPA tem sido a terapia padrão-ouro para a doença de Parkinson desde seu estabelecimento como medicamento, em 1967. É um dos medicamentos essenciais declarados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e seu valor de mercado está na casa das centenas de bilhões de dólares.
A forma mais comum da droga é produzida por síntese química, mas também existem fontes naturais - algumas plantas contêm quantidades mensuráveis da substância, principalmente nas sementes.
As mais estudadas são a mucuna-preta (Mucuna pruriens), que contém até 10% de L-DOPA em suas sementes. Mas ela é problemática porque a planta é coberta de pêlos urticantes que contêm mucuniana, que pode causar irritação e reações alérgicas nos trabalhadores do campo que fazem a colheita. Os próprios grãos causam níveis elevados de triptaminas, que podem causar alucinações em pacientes com a doença de Parkinson.
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